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Poesias-->CARTA FORA DO BARALHO -- 23/10/2006 - 11:09 (Rudolph de Almeida) |
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CARTA FORA DO BARALHO
Se o importante é competir, não vencer
Queria poder acreditar que a vitória
É atingível por quem é inapto
Ao lúdico trocar das cartas misturadas
Esquecer a verdade aterradora tento
Somente uma carta fora do baralho.
A trinca não fecha, a seqüência não se completa
Jamais se alcança a canastra
Neste meu baralho falta sempre a folha
Que completaria o demorado jogo
Não se termina, então, perpetuando a derrota
Apenas uma carta fora do baralho.
Partida sofrida esta, procuro por ela
Carta da sorte entre outras cinqüenta e duas
Ela não há, miragem, não está lá
A figura certa se transmuda na errada
Na hora da ruína já marcada para quem se sente
Só uma carta fora do baralho.
Cansa na vida a desesperança
Vai-se perdendo toda a lembrança
Anciãs vitórias, brumosas reminiscências
Suplantadas pela crueza do jogo vil da existência
Êxito desejado, batalha perdida para quem é tão-só
Uma carta fora do baralho.
Nova aurora, dão-se as cartas, as mãos ansiosas, úmidas
Trêmulas pelo futuro incerto da sua sina
Abrem-se em busca dela, a que nunca vem
Última sobra de fé no destino invencível da vida
A decepção é patente, não, não está lá
A mesma carta de sempre, a ausente, fora do baralho.
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