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Poesias-->ALFABÉTICOS -- 08/12/2006 - 13:00 (J. D. Lima Oliveira)
Poemas escritos pela minha filha Ana Paula. Por senti-los bem trabalhados e com uma profundidade que obriga a relê-los e interpretá-los, aqui os deixo aos meus leitores com a disponibilidade para eventuais esclarecimentos. ADAGA ÁGIL Ao apetecer apimentar com acepipes A apatia de Agosto, acomodei-me Na almofada, a auscultar andorinhas!!! Em acrobacia acidental, atraí o átomo. Aborígene alimentado a água e amoras. No ar, o aroma a alecrim adocicado. Alpinista atingi a abcissa da alma… Ao acreditar no altar da amizade, Abate-se adamada, a adaga ágil!! Anoitece no apuro dos abismos Avantesma de axiomas absolutos Afim de afagar o abissal amanhã Aquém da adornada aragem!!! BOLERO O bebé balbucia a biberão e bibe O bê-á-bá. Em busca do bico, Beija a blusa balsâmica, E baba de bola na boca. O bule bicolor, balça a baunilha, Num banquete de bolachas a boiar. A brincar de baqueta e baú, A begónia balança no balde! A bucólica borboleta, de burel Bordado a branco brilhante, Baila na balaustrada de bambu, Um bolero brutal e brusco! Da barbárie, a beleza bainha Num bondoso bemol breve… Branda boémia de um babeiro CÁRCERE DE CATEDRAL Na caleche castanha calada, Casta camélia conventual, Cativante cambraia caiada A carmesim cal e cristal. Convicto de captar a cauta, O califa de capa e cachecol, Confiante como cosmonauta, Caminha como um caracol. Colina de capim cipreste, A contrapor cisne celeste De cachos canela cinzel… Cavaleiro com chave de cela, Comensal concerto. Clarim!!! Carapim de calcanhar cetim… D ÁGUA Densa e despida D’água desatada Desliza decidida A dor derramada Difusa à direita Destroço a dedal Diáfana desfeita De dupla desleal Decalca e debrua A dama decorada Debica a doçura Da derme dourada! Débil e devoluta… Desvanece deitada ECO Em exíguo ebúrneo Escrevo eco ébano, Enquanto a ebulição Eclode em espuma. Emendo a epiderme Extinta esperneia Esgrimo evocatórios Eia!!! Estrofe emerge Esmeralda efémera Épica, enfarpelada Em elmo enfeitada Estóica, em escudo Equipada, efectiva Enviada, encantada Esculpida, escaldada, Envenenada, editada… Eterna!!! FÁCIES DA FADO Fácies de fado fuzilam E fitam o fosso finado. A família fada o facto Com fazenda fidalga. O ferroso ferrão fecha A fadiga num feixe floral. A força das frases e da flauta De frades, freiras e fraques Fermentam um frugal fruir. O farelo fatal, fustiga o fim, Fraqueja a firmeza do féretro! O filhote e a filha de fralda Festejam a ficção da fábula Num facetar fácil e fértil De futuros feudais… O feitiço de Fevereiro foge Em furtivo festim de folhas Na falésia faminta de fé… GOTA A GOTA A gravura grávida de galés e gaivotas Guincha guerra gutural de golfadas, Gemido de golpes a gole de gengibre. A gadanha goteja gengivas e goelas Numa genica de gume e groselha, O general goza o grotesco grupo Gargareja entre garfos e garrafas Num galope de garfada gordurosa, Gosma a gastronomia garrida a ginja Em ginjeira gabarolice de genial glória Gastrorreia de governadores de gabinete! Com garra, o garraio genuflecte a génese A giz a gramática de gaze e gesso Guarda gente em glossário de granito… HONRA DE HERÓIS Horas, hipóteses e hipérboles Habitam hermético horizonte, Num hino de harpas e holofotes De hectares humanos! Herança De horticultores heréticos e hostis, Húmus de horrenda história… Hálito híbrido de holocausto De hipófises, hemoptises e hera, Horta de heróis humilhados Higienizados a herbicida herege Hiato da humanidade hipnotizada Por hedionda hipocrisia hitleriana ÍCONE O impacto impõe-se à inércia invernal, O Inocente irrompe do intacto imaterial Inclinado em invólucro irracional Imperceptível icebergue, impessoal… A imagem infantil ilumina o inoxidável O itinerário do imperioso inadmissível Inverter de importância indesejável Irreflectida da inacção incomportável A imaterialização do incenso que invade A imensidão de impróprias imprecações Impostor a invasor, ilegal a imperfeito… Imaculada insígnia, infinita, imperecível, De um Infante ímpar, indivisível Ícone incitador de imortal Igreja… Já!!! Justiça jaula justos e jibóias! Num jacto de jornalista O jornal justifica a jornada Entre jogadas jurídicas, E juízes de juba. Num jogo jovial Jorram à janela Juramento jesuíta! Juntam o joio e o jugo Num justiceiro jejuar De jogadores e jantares. Justa… “A Jacinta da Jarra” No seu juízo juvenil, Justapõe o júbilo judicial, De jaguares e joalharias, À jocosa jorna de joanetes E joelhos, de juta e junco Jóias do jazigo da juventude. A jusante, o jazz a jazer… Juntamente com a jurisdição Jornalística dos judas… Jamais Janeiro de jangada E jardins janotas… Já!!! Justiça para Jaci…!!! Ao Largo a Lua No lavor lavro o lamaçal, No lavatório lavo a lama. A linha e linho, lacro o lixo. O lufa-lufa ladeia o lodo… A luz luxuriante da lua, Lacónica liberta o lenço E lanço o lamento no lençol Legível de lusitano luto. A limpidez do luxo lima a laje, Lápide da liberdade lírica. A lápis o leitor lê lágrimas No lambuzar labial da leitura De liras e lendas de lobos… Lacuna laça de lembranças De lagos e latidos à lua… Mar de Mel Moldada à melodia de Mozart, Mestre na madrugada dos mitos, Mercador de míticos e místicos, Memória mármore de marés, Multidão mímica de mudos, Migalha num milhar de mundos, Mortal e minúscula Margarida, Move muralha na miopia mirante, Melopeia de mutação musical. Na mestria do movimento do mar, Mergulha minuetes e murmúrios, Nas matizes mágicas de Maio, Momentos mananciais de mim… SEPULCRO DE SONHOS Sabático sol da savana Sorvendo sumo de sombra, Sódica seiva… Santana!!! Sêmea, sêmola, sem sobra. Sentada na sebe sentida Soam sinos em suplício Singular saudade sofrida Só, sussurro em silêncio Em seda safira, sedada, Sacholo, sono sem sonho, Serva de sina, sagrada. Sentimento que sustenho. Braga, 8 de Dezembro de 2006 Ana Paula Oliveira