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 | Poesias-->O  FERRAGEIRO DE CARMONA * -- 11/01/2007 - 12:44 (Heleida Nobrega Metello) |  |  |  |  |  |
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 O Ferrageiro de Carmona
 
 
 
 
 
 Um ferrageiro de Carmona que me informava de um balcão:
 
 
 
 
 
 "Aquilo? É de ferro fundido,
 
 foi a forma que fez, não a mão.
 
 
 
 Só trabalho em ferro forjado
 
 que é quando se trabalha ferro.;
 
 então corpo a corpo com ele.;
 
 domo-o, dobro-o, até onde quero.
 
 
 
 O ferro fundido é sem luta,
 
 é só derramá-lo na fôrma.
 
 Não há nele a queda de braço
 
 e o cara a cara de uma forja.
 
 
 
 Existe grande diferença
 
 do ferro forjado ao fundido.;
 
 é uma distância tão enorme
 
 que não pode-se medir a gritos.
 
 
 
 Conhece a Giralda em Sevilha?
 
 De certo subiu lá em cima.
 
 Reparou nas flores de ferro
 
 dos quatro jarros das esquinas?
 
 
 
 Pois aquilo é ferro forjado.
 
 Flores criadas numa outra língua.
 
 Nada têm das flores de fôrma
 
 moldadas pelas das campinas.
 
 
 
 Dou-lhe aqui a humilde receita
 
 ao senhor que dizem ser poeta:
 
 O ferro não deve fundir-se,
 
 nem a voz ter diarréia.
 
 
 
 Forjar: domar o ferro a força,
 
 não até uma flor já sabida,
 
 mas ao que pode até ser flor...
 
 se flor parece a quem o diga."
 
 
 
 
 
 *João Cabral de Mello Neto
 
 
 
 Fontehttp://www.doma.com.br/site/minhahistoria/index.php
 
 
 
 
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