RECORTES e Você
Recorto-me em pedaços e acredito em superfície:
difícil, amarrada, sem prazer endoidecido.
Morro um pouco nesta falta, neste ninho- meio igual,
e componho para o mundo meu trajeto tão trivial...
Onde estás, com teu outono?
Quero o rumo existencial de teus trovões, teus anseios,
tuas loucas madrugadas e tua luz inesperada.
Sei ouvir e dizer nada, eu prometo:
não procuro os endereços dos esquadros de arquiteto,
quero as pedras do caminho, quero a terra sem calçada...
Quero insanos loucos cantos, da tua alma, de teu pranto,
ressoando como encontro entre meus “sim” e teus “talvez”.
Quero a luz da madrugada e os lençóis de tua cama.
Como seda em minhas pernas, sem palavras ensaiadas,
Sem relógio, sem jogadas - como o mar, numa jangada! |
