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Poesias-->EU SOLIDÃO -- 01/02/2001 - 00:57 (Nelson Haroldo C Anjos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
EU SOLIDÃO



É noite,

eu estou tão sozinho.

Me chamo solidão,

só o frio corta o deserto

da minha rua perdida.

Sem o número na porta,

minha casa é alvorada que o sol ignora.

Estamos á sós, eu e a solidão.

Na minha janela, uma lua de retalhos,

escondida nos filetes de vazios:

nesga minguante na calada das horas...

Vivo sem os olhos da lua,

sem o piscar das estrelas no gelo da aurora!

Lá fora, há toda uma noite de libido,

nas esquinas, nos bares, nos quartos...

Agitos, beijos, buxixos e desejos,

interpondo-se sobre as intimidades,

enquanto caminho silenciosamente

á procura de um beijo covarde!

Estanca-se a noite, a solidão é minha.

Nos meus olhos, um cinza de bronze,

na rua, apenas uma sombra vazia...

Com as pálpebras semi-cerradas em mármores

e esfinges de luas no vazio do céu, pinto

com tintas dos charcos um quadro abstrato,

na tela: um olhar desfocado de chuva,

emoldurando, impávido, o meu 3x4.

Me nego, sem a lua na calçada,

quando o tempo escapa solitário,

abafa-se a noite: o meu 3x4

pendurado em mais um dia de sudário...



Nhca

jan/01











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