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Poesias-->Gerânios -- 20/05/2007 - 12:47 (CARLOS ARTUR PAULON) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gerânios



Emoldurada por gerânios floridos, pequenina é minha janela,

Mas dela, quase sempre só, ouço e vejo um grande mar,

O que sempre insiste nas coisas dela que me vêm contar.

- dela minha quase namorada –

Ela arisca vagueia de lá pra cá em vida doída e descalçada,

Por ora vivendo assustada, cultivando daninhas raízes em taça,

Amargando, inconformada, sua delicada e generosa graça

E queda chicoteada por palavras de ódio e boca na mordaça.

Fui muito tarde encontrá-la pelos tais caprichos do acaso,

Não muito tarde para um amansado coração de esteio,

Empenhado em rachar seu delgado coração ao meio,

Quebrar a sua taça de amarguras, lhe oferecendo liberdade em vaso.

Do mar apreendo estar ela sendo da lamentação um muro,

Estar sendo, das penas alheias frágil e fiel depositária,

Cobrada e reconvocada para incertos mergulhos no escuro,

Mergulhados nas tristezas causadas por um algoz, um pária.

Como maquis resiste guerreira na luta por sua decisão indecisa,

Reagindo ao debater-se nas mágoas de sua culpa imprecisa,

Mas sorri apenas nos intervalos das lágrimas que por atenção noto,

Quando também me ponho triste ao vê-la presa por controle remoto,

Como obedecida presa de seu passado tornado obscuro,

Enquanto eu me atrevo em querer entrar no seu futuro.

Hoje viver meu presente é estar vivendo o dela.

Por ora cultivo apenas aqueles novos gerânios da janela.









Maio/06

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