Usina de Letras
Usina de Letras
17 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63229 )
Cartas ( 21349)
Contos (13301)
Cordel (10360)
Crônicas (22579)
Discursos (3248)
Ensaios - (10681)
Erótico (13592)
Frases (51747)
Humor (20177)
Infantil (5602)
Infanto Juvenil (4946)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141310)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6355)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->AURORA BOREAL (António Gedeão) -- 03/06/2007 - 01:31 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


“AURORA BOREAL”



autor: António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho. Teatro do mundo, 1958

Lisboa: 1906 - 1997







Tenho quarenta janelas

nas paredes do meu quarto.

Sem vidros nem bambinelas

posso ver através delas

o mundo em que me reparto.



Por uma entra a luz do Sol,

por outra a luz do luar,

por outra a luz das estrelas

que andam no céu a rolar.



Por esta entra a Via Láctea

como um vapor de algodão,

por aquela a luz dos homens,

pela outra a escuridão.



Pela maior entra o espanto,

pela menor a certeza,

pela da frente a beleza

que inunda de canto a canto.



Pela quadrada entra a esperança

de quatro lados iguais,quatro arestas,

quatro vértices, quatro pontos cardeais.



Pela redonda entra o sonho,

que as vigias são redondas,

e o sonho afaga e embala

à semelhança das ondas.



Por além entra a tristeza,

por aquela entra a saudade,

e o desejo, e a humildade,

e o silêncio, e a surpresa,



e o amor dos homens,e o tédio,

e o medo, e a melancolia,

e essa fome sem remédio

a que se chama poesia,



e a inocência,e a bondade,

e a dor própria, e a dor alheia,

e a paixão que se incendeia,

e a viuvez, e a piedade,



e o grande pássaro branco,

e o grande pássaro negro

que se olham obliquamente,

arrepiados de medo,



todos os risos e choros,

todas as fomes e sedes,

tudo alonga a sua sombra

nas minhas quatro paredes.



Oh janelas do meu quarto,

quem vos pudesse rasgar!

Com tanta janela aberta

falta-me a luz e o ar.





postado por Heleida, junho de 2007



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui