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Poesias-->concreto 2 -- 30/06/2007 - 22:37 (maria da graça ferraz) |
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As junturas estão dolorosas
tumefeitas Saltam ossos
Mas minhas mãos ainda sabem
imitar pescoços de cisne
desenhar asas no espaço
colher flor sem destruir o talo
Elas ainda sabem!
As articulações estão rígidas
inúteis aos vulgos combates
Os movimentos são fracos
no aperto, no cutelo, no alicate
Os ácidos corroem lentamente
o que é da mão, apenas carne,
e sem o saberem, soltam
a dor dos cravos
Ah gasta mão,
há de procurar outras utilidades
amos e partos
Mas, por favor, peço-vos,
não dizei a ninguém que minhas mãos
são do cálcio, armazéns
Nada dizei! Que estão duros os dedos,
porque se o souberem, perco o emprego
Vós sabeis o quanto é impiedoso
o mundo para mãos pequenas
como a minhas- doces e morosas
Vós sabeis qual o destino
das conchas que batem às areias?
Fazem-nas ornato de colar,
de braceletes,de correias,
mas minhas mãos querem retornar ao mar!
Aos poucos
entretanto
minhas mãos adquirem
o ritmo perfeito dos passos
tristes e piedosos
dos corredores dos hospitais
E ganham a profundidade
exata no seu cavo
para os redondos dos rostos
E atingem a sabedoria
que elimina todos os gestos
excedentes e teatrais
dos humanos fingimentos da juventude
Aos poucos
entretanto
ela perde a resistência
mas ganha a amplitude
Minhas mãos
Nada mais pinçam
Apenas reúnem
Podem ser úteis úteis!
Nada dizei- as pequeninas ainda
podem úteis!
Compaixão
às minhas
mãos!
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