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Poesias-->poema branco 47 -- 08/07/2007 - 18:20 (maria da graça ferraz) |
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Ela se dizia grávida
e apontava a barriga
cheia de gases
e os seios redondos,
fartos, tensos, quais pomos
" Mas todos sabiam...
Os médicos advertiram-nos
de que não havia filho"
O desejo era tão grande
de ser mãe,
que assim seu corpo
se vestira,
retinha água, glicose,
mudara a forma,
ensaiara as poses,
improvisara o cenário
para o ator imaginário
" Mas todos sabiam...
Não havia ovo
Não havia filho
Mas também... não havia mentira"
E, aos poucos,
a fantástica tinta
de um meticuloso figurinista
colocou-lhe a negra máscara
em sua face :
" o cloasma"
" Mas todos sabiam...
Convencer? Não a conveceriam fácil
Não havia filho
Não havia filho"
Em qual loja distante,
eu me pergunto,
compra-se as falsas barrigas
destas gestantes?
E quem dirige,e quem dirige,
eu me pergunto,
estas grandes atrizes?
" Não há filho ,Maria
Mas ela não me ouvia...
Mas ela não ouvia...."
Compenetrada em seu script, seguia
Choca, preguiçosa, orgulhosa,
com um olhar tão compassivo
como só as mães possuíam
Mas o que ninguém percebia
É QUE HAVIA FILHO SIM!
Ela o criara...
Faltava-lhe apenas a carne
Uma mera questão de formalidade
burocrática
Dera-lhe o fundo
Parira-lhe no escuro
Faltava apenas recortá-lo
como uma figura
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