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 | Poesias-->PEDRA FUNDAMENTAL (Antonio Gedeão -- 14/09/2007 - 18:20 (Heleida Nobrega Metello) |  |  |  |  |  |
 | Pedra Filosofal 
 
 
 Antonio Gedeão, poeta português (1906 - 1997)
 
 
 
 
 
 Eles não sabem que o sonho
 
 é uma constante da vida
 
 tão concreta e definida
 
 como outra coisa qualquer,
 
 como esta pedra cinzenta
 
 em que me sento e descanso,
 
 como este ribeiro manso
 
 em serenos sobressaltos,
 
 como estes pinheiros altos
 
 que em verde e oiro se agitam,
 
 como estas aves que gritam
 
 em bebedeiras de azul.
 
 
 
 eles não sabem que o sonho
 
 é vinho, é espuma, é fermento,
 
 bichinho álacre e sedento,
 
 de focinho pontiagudo,
 
 que fossa através de tudo
 
 num perpétuo movimento.
 
 
 
 Eles não sabem que o sonho
 
 é tela, é cor, é pincel,
 
 base, fuste, capitel,
 
 arco em ogiva, vitral,
 
 pináculo de catedral,
 
 contraponto, sinfonia,
 
 máscara grega, magia,
 
 que é retorta de alquimista,
 
 mapa do mundo distante,
 
 rosa-dos-ventos, Infante,
 
 caravela quinhentista,
 
 que é cabo da Boa Esperança,
 
 ouro, canela, marfim,
 
 florete de espadachim,
 
 bastidor, passo de dança,
 
 Colombina e Arlequim,
 
 passarola voadora,
 
 pára-raios, locomotiva,
 
 barco de proa festiva,
 
 alto-forno, geradora,
 
 cisão do átomo, radar,
 
 ultra-som, televisão,
 
 desembarque em foguetão
 
 na superfície lunar.
 
 
 
 Eles não sabem, nem sonham,
 
 que o sonho comanda a vida,
 
 que sempre que um homem sonha
 
 o mundo pula e avança
 
 como bola colorida
 
 entre as mãos de uma criança.
 
 
 
 In Movimento Perpétuo, 1956
 
 
 
 
 
 fonte:http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/antonio_gedeao/pedra_filo.html
 
 
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