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Poesias-->A MORTE DE LUCÍOLA -- 27/09/2007 - 12:22 (Alexandre José de Barros Leal Saraiva) |
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A MORTE DE LUCÍOLA
Eis que deita o corpo nu nas escadas de mármore.
Espaços brancos cobrem a cabeça, igualmente branca.
Não que a vida lhe tem sido árdua demais, sofrida demais,
apenas viveu muitas dores, de muitos amores.
Acima, sua alma observa, serenamente, o pouco que lhe resta de vida.
Uns poucos sussurros podem ser percebidos.
Lúcida, Lucíola declama uma hosana proibida.
Este será seu posfácio, postergado por tantos outros ditos.
Passou os dias (do passado) escrevendo poesias,
aos amantes da Lua, aos escravos da noite, às ninfas insones...
a todos quantos violaram os sagrados cânones
da retidão (e da hipocrisia).
Nos espaços negros da mesma escada e do mesmo mármore
aventura-se uma linha vermelha terminal.
Perfilam-se rios e afluentes da vida que se vai, que se esvai
neste líquido precioso, precursor do anúncio final.
Sim, gritam os profetas: Lucíola morreu!
E o amor? Alguém, com um fio de esperança, perguntou à multidão.
E a turba, no silêncio responsorial,
sepultou, ad infinitum,esta triste ilusão. |
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