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 | Poesias-->Olhando o mar, sonho sem ter de quê (Fernando Pessoa) -- 02/11/2007 - 09:58 (Heleida Nobrega Metello) |  |  |  |  |  |
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 Olhando o mar, sonho sem ter de quê
 
 
 
 (Fernando Pessoa)
 
 
 
 Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
 
 Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
 
 Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
 
 De que me servem a verdade e a fé?
 
 
 
 Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
 
 Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
 
 Temos esta certeza e sempre e em tudo
 
 Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
 
 
 
 As árvores longínquas da floresta
 
 Parecem, por longínquas, `star em festa.
 
 Quanto acontece porque se não vê!
 
 Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
 
 
 
 Se tive amores? Já não sei se os tive.
 
 Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
 
 Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
 
 E a vida morre enquanto o ser revive.
 
 
 
 Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
 
 Motivos coloridos de morrer?
 
 Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
 
 Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
 
 
 
 
 
 * poesia de Fernando Pessoa postado por Heleida Nobrega
 
 
 
 
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