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| Poesias-->ter que voltar -- 04/11/2007 - 18:52 (maria da graça ferraz) |
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Este poema, eu ofereço á amiga Dalva Lynch que me fez re-encontrar
a minha casa- gracias a la vida!
Voltar à terra
da "danação" eterna
Voltar, eu não queria
Eu não queria, voltar
Ter que voltar-
é meu destino!
Voltar à escrivaninha
de madeira clara,
compensada,
comprada à prestação,
tão ordinária
quanto o coração
dos homens
Ter que voltar
à minha terrinha
Observar o lago
límpido e claro
da alva folha
onde tantas vezes
me lavei e emergi
purificada
Observar o céu
espelhado sobre
sua superfície
E, de repente,
se sentir sozinho
mas não só!
Voltar à escrivaninha
Aportar ao cais
das maresias, das tormentas,
do sofrimento
e ser recebida
pela multidão de palavras
tontas, alvoroçadas,
ternas e ferozes,
como uma revoada
de pássaros
iluminada por um raio
de mil vozes
Ter que voltar
Não me pergunte o porquê
Após o longo exílio
ter que voltar
como um ingrato filho
retira seu sapato
para beijar o chão de casa
Ter que voltar
para as algemas invisíveis
Esta prisão de amor,
onde sempre,
perdidamente,
senti-me livre
Ter que voltar
como um soldado
cheio de remorso
e de indignação
faz de seus ossos
velas para a escuridão
Voltei!
Voltei
para me ferir
até não sentir mais dor
só para ter a desculpa
de mais uma vez, partir |
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