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Poesias-->Avós -- 11/11/2007 - 14:15 (MARIA CRISTINA DOBAL CAMPIGLIA) |
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AVÓS
Pareciam as relíquias da família.
Balançavam como as ondas contra o dique
e de longe - nós crianças a brincar;
imitávamos seus passos de senhoras.
Ignorávamos os anos de silêncio
pois de certo ninguém ia nos contar.
Os segredos eram túmulos suspeitos
e vocês doces arquivos a guardar...
Com os rostos enrugados e sinistros
conversavam em cochicho para dentro
e tomavam chimarrão porque era parte
de um ritual que tinha aroma secular...
Aquelas ruas que hoje ficam sem vestido
certamente guardarão o seu passar.
Umas árvores -que agora não há mais-
em reverência contemplavam as avós.
Os tecidos e as cozinhas com receitas,
aventais e enfeites óbvios e cobertas.
As hortências, as violetas e os quintais:
tantas coisas tão distintas, tão iguais...
Quantas ruas da cidade caminhamos,
nós os primos e vocês, nossas avós!
Nós andávamos brincando de aprontar
E vocês a vida inteira a comentar...
Minha avó das entrelinhas matinais:
Quem diria? Me contaste sobre o amor.
Se eu tivesse as minhas tardes com você
Teceríamos a colcha de crochê...
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