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Poesias-->QUEM TOCARÁ -- 11/01/2008 - 14:37 (Alexandre José de Barros Leal Saraiva) |
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Saboreei doces e demais iguarias
saciando a fome inexorável de justiça e paz.
Caminhei por horas, por estradas sujas, por guetos,
bairros chiques e imundos, favelas e verdes canaviais.
O pé direito permaneceu nu.
O tempo todo, nu.
Nas calçadas altas da rua ingrata
deixei várias pegadas tergiversadas.
A sandália d’outro lado imitava ouro.
É certo que eu claudicava um pouco, e disto as pessoas riam.
Sem pudor nenhum. De mim, as pessoas riam, às galhofas.
Nunca tive medo de zombarias, nem de vaias, nem de louros.
Aliás, convivendo entre glórias e derrotas,
tornei boa, minha maldade nata!
Às três da tarde, sede.
Meia hora depois, rede.
Já à noite, cansaço.
Amanhã, não sei o que faço.
E a nudez de meu pé direito
diminuiu o tamanho da sala de estar.
Talvez eu compre uma escada ou
me sente, definitivamente, no esquecido tamborete de couro.
No próximo mês compro um piano de cauda.
Convidarei você e nossas sombras.
Camarões, mexilhões, vinho, água e muito sal.
Mas quem tocará La cumparsita?
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