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Poesias-->Funeral do Beija Flor -- 21/01/2008 - 16:17 ( Alberto Amoêdo) |
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Um beija-flor descansando no alto de uma mangueira
Procurou as flores ao redor e não as viu.
Sem temer a fome,
Sem temer a sede
Esvoaçou ligeiro ao fio de energia.
Procurou no céu a cor;
Procurou no céu a luz,
Mas encontrou as nuvens escuras.
Estava quente, porém não existia o sol.
Já do alto da luminária...
Em desespero ele olhou
E não viu as flores;
Não viu o sol e agora
Não via o horizonte.
Perdido sem sul nem norte
Ele voltou para o galho da mangueira.
Olhou ao redor e cismou com um brilho
Vindo de uma tampinha de refrigerante.
Ao conferir, que não tinha nada a ver com o que imaginou
Se sentiu entristecido, pressagiando dias difíceis
E quando o mormaço esquentou começou a chover miudinho,
Começou a chover, começou a chover
Começou a chover, começou a chover...
Ainda protegido entre as folhas o beija-flor arriscou
E alçou vôo, e alçou vôo e alçou vôo.
Meio desorientado com o barulho dos carros
E o improviso da chuva pousou em uma janela.
Já cansado e quase sem esperança de encontrar uma flor
Viu alçado no teto lateral de uma casa, uma vasilha de plástico
Com desenho de flores azuis, verdes, amarelas e vermelhas.
Enfiou o seu bico, matou a fome e a sede sugando água com açúcar.
Salvo agradeceu a deus dando varias piruetas na chuva.
No dia seguinte, no dia seguinte,
No dia seguinte e nos dias seguintes...
Ele tomava água com açúcar.
O sol nascia altaneiro,
O sol nascia, mas ele já não ia,
Já não ia mais atrás das flores
Viciado, viciado...
Ele até morava no ap.
Viciado, viciado...
O coitado veio a falecer.
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