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Poesias-->SONETOS DO DIÁLOGO -- 27/01/2008 - 09:55 (Alexandre José de Barros Leal Saraiva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Vós que sois

a nódoa cáustica de minha dor

não vos enganes:

poetas jamais morrem de amor.



Vós que sois

a sombra escura na qual finjo descanso

não vás embora:

ainda espero por douro remanso.



Vós que sois

tantos “tus” e diversos “és”

esqueças por inteiro o compasso surdo de vossos pés.



Vós que sois

dois sulcos, apenas, perdidos no chão,

ouça-me: poderás, na culpa, encontrar perdão!





II





Eu que fui

arfante escriba de meus enganos

não vos nego:

já vivo mais do que me cantam os anos.



Eu que fui

o verso escrito à pão e água

agora, faminto, humilde vos peço:

não vejam em mim toda minha mágoa.



Eu que fui

finório rapsodo dos encantos d`outros

acabei-me perdido no pior do lodos.



Eu que fui

demasiado expectador de mim mesmo

estou andarilho, sobrevivo à esmo.
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