ROSA MARIA
Com quarenta e cinco estações
Bem vividas no malho,
De sofrer a miséria sem opções,
Rosa Maria só conhece o trabalho.
Excluída de um melhor Brasil,
Em meio a um povo sempre esperançoso,
Sob este céu azul anil,
Viceja um sonho jamais andrajoso.
Tem nome de Nicéia a favela
Onde Rosa Maria carrega o tormento:
Ela não pensa mais nela,
Somente nos filhos no momento.
Ganha o mínimo salário
Do esposo que partiu,
É o que chamam de otário
Os privilegiados deste Brasil.
Sua vida de mil limitações
Não conhece a lei da fartura;
Conhece apenas difíceis condições
De amparar os filhos, sua única ventura.
Porém, Rosa Maria, embora pobre,
Tem o que não tem a maioria:
Uma riqueza rara e nobre,
O exercício da honra todos os dias.
15.03.95
(do livro: "ÉS MULHER" - publicado em 1996) |
