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Poesias-->M E N S T R U A Ç Ã O -- 14/02/2008 - 19:16 (Jeovah de Moura Nunes) |
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MENSTRUAÇÃO
A transformação
Opera-se como transfusão
Da menina para mulher:
A energia pura que requer
Paciência, às vezes dor
E grande sentimento de amor.
A adolescente medrosa
Deixa a boneca dengosa.
Timidamente a mãe procura
E relata esta loucura
Natural a lhe molhar
E de sangue a incomodar.
Só após dois anos,
O ciclo se ajusta
Ao relógio de arcanos,
E nada mais assusta.
A adolescente feliz
Agora se solta e quer
Produzir e ser atriz.
Porque atriz é a mulher.
Também a natureza
Mostra sua feminilidade.
A chuva com certeza
É a menstruação sem formalidades.
A terra é o absorvente
Sem nenhuma publicidade
Dessa mulher envolvente
Tão bela e de enorme naturalidade:
A mãe natureza.
Se o fluxo menstrual
Para o homem traz antipatia,
A mulher vive a real
Certeza do mal-estar daqueles dias.
A mulher por isto mesmo
Já nasce heroína,
Condenada a sangrar a esmo,
Logo depois de menina.
Seu organismo complicado
Trabalha em perfeita sintonia.
E todos os meses, em dia marcado
Renova a natureza com ousadia,
Recobrando sua felicidade,
Seu imenso desejo de viver
Com plenitude e intensidade.
A menstruação é na verdade
Um renascimento da mulher.
A menopausa, com a idade,
Vem enaltecer está fé:
Fé na vida, na redenção,
Na conquista de valores,
Nos sentimentos do coração.
Só ela brinca com flores,
Só ela estende as mãos,
Só ela suporta dores,
Mesmo menstruada.
A missão da mulher
É a missão da natureza.
A ejaculação que vier,
Floresce com muita riqueza,
Apenas na mulher,
A fêmea da espécie.
E que hoje muito naturalmente
Faz papel de homem socialmente,
O macho da espécie.
Porque a mulher,
Cuidando da casa,
Dos filhos, do marido,
Muitos deles sem compreensão,
E pelos vícios caídos,
Ainda tem ela paciência
Pra suportar a menstruação,
E ser feliz por obrigação,
E não por direito,
Ao deitar-se no leito.
Na galeria dos heróis,
A mulher está presente.
Onde refulgirem arrebóis,
Haverá guerreira valente,
Mesmo menstruada,
Ou como sempre discriminada.
Ela estará lá, com sua bandeira,
Com suas vestes caracterizadas,
Mesmo menstruada.
O homem não sabe,
Mas, a mulher enfeita sua vida,
E embora ele se gabe,
Também ela o domina, ressentida
Por não ser dominada
Com muito amor.
Termina o conto de fada
Com pancadaria e dor,
Mesmo menstruada.
O homem mudará,
Porque o mundo vai mudar
Como muda a mulher,
Ao se menstruar.
Não negue esta civilização
O direito da mulher,
Com a incivilizada discriminação
A esta criatura humana,
Chamada mulher,
A fada que suporta tudo,
Até a menstruação.
24.abril.1996
(do livro: "ÉS MULHER" - publicado em 1996)
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