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Poesias-->A ÚLTIMA FLORESTA -- 07/03/2008 - 10:11 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ÚLTIMA FLORESTA





Espraiam sentimentos

Meus e teus.

Rasgo o verbo e os momentos,

Furando o bloqueio sentimental.

Lágrimas descem da montanha.

O pio saudoso da águia

Reverbera por toda a floresta

E assanha

Meu espírito alado.



Ao pretérito estamos atados

E em razão disso,

Vivemos o presente.

Se um caule for retirado

Toda a floresta ressente

E não a árvore somente.



A Terra-mãe vive o tormento

E a ingratidão do filho sem idade,

Alienado e pelo ninho sem sentimento,

Vivendo a fome de sua impunidade.



O rio, discípulo paciente,

É agente da sobrevida,

Espelhada na água corrente,

Pura, cristalina e revivida.



O perfume da floresta

Encanta o espírito evoluído.

O não-evoluído apenas vê nesta

Floresta, um princípio poluído.



A serpente foge receosa

Da verdadeira serpentina.

O fogo queima e chorosa

A juriti abriga-se

Com a espécie felina.



Todos se unem nesta corrida,

Nesta louca e desesperada procura

De mais uma floresta retida,

Pela memória da humana loucura.



As grandes árvores

Não fazem mais sombras

Porque simplesmente não existem

À margem das estradas.



Fazem alguns

O trabalho de todos

E, contudo a devastação continua...

Continuará...

Até que o planeta exausto,

Será apenas um grande lixão.

E o homem – urubu truão –

Fará sua festa de hienas,

Cantará suas míseras falenas,

Indigno de ser filho de Deus.

Ah! Sentimentos meus e teus!



A natureza, entretanto é agente

Das leis de Deus.

E Deus não é careta,

Nem busca vida obsoleta.

A própria floresta evolui

Independente da ação mesquinha

De homens que negam Deus,

Mas, bebem da água fresquinha.



Mesmo um vândalo

De telefones públicos

Necessitará um dia deles,

Assim como o destruidor de florestas

Recorrerá ao vegetal

Para a cura de sua dor.

Vivendo sem amor,

Recorrerá a sua sombra.

Mesmo sendo um abastado,

Recorrerá ao seu fruto.

Recorrerá a sua madeira,

E isto pela vida inteira.

Porque o homem é um produto

Que também se extingue

Em caixões de madeira.



O caos fará limite

Com a última floresta.

O perfume sazonado

Não se agastará em festa,

No chão, em folhas derramado.

Haverá sombras...

Nesta grande e última floresta.

Em fechados recessos,

Sem jamais ter acesso,

O homem ainda ouvirá

O majestoso Tangará.

E o índio,

O único convidado,

Testemunhará a dança

Do pássaro que lança

Seu fandango ritmado.



Não se atreva a civilização,

Tão deturpada em seu fanal

De progredir, promover a destruição

Do último reduto do inocente animal,

Este nosso irmão...

...que nunca foi mau.



(ano 2000)



(DECLAMADO NA ESTAÇÃO DO SOM HÁ ALGUNS ANOS ATRÁS)





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