A TAÇA
Para Fernando Torres Barbosa
Amarga é a taça,
quando o céu embaça
a silenciosa manhã
de um mar de lágrimas.
Invade a tarde e deixa
a noite exausta!
Amarga é a taça,
essa cravada faca
nas entranhas da alma,
que sem pedir licença
vai deixando as marcas.
Esse terrível mapa
de infinitas cicatrizes
que nunca se apagam!
Amarga é a taça,
quando a dor maltrata,
quando a força falta,
quando a resignação escapa,
sem que seja dada
explicação razoável.
Amarga é a taça:
metonímia madrasta,
no sinistro da página
da cruel gramática.
Esse punhal no peito
sem quaisquer metáforas!
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