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Poesias-->RIO -- 07/04/2008 - 16:55 (Cristina Ancona Lopez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu nunca aprendi a ler o rio.

Os barqueiros sabiam lê-lo e escutá-lo, a ponto de não encalhar os barcos nas praias cobertas pelas águas e nem raspar os cascos nas pedras que existiam aqui e ali.

Tentei muitas vezes ler o que dizia. Mas a mim parece que não queria dizer nada. Para mim o rio estava mudo. Nada me contava.

Aqui e ali um peixe aparecia mas não havia como conversar.

Nas travessias eu olhava a água fixamente e jogava minhas perguntas, mas as respostas nunca vinham .

Porque só comigo o rio emudecia? Porque só a mim não dava as respostas?



_ Porque barqueiro, com você o rio conversa e comigo não? E porque eu, analfabeta de rio, não consigo ler? Me ensina barqueiro, me ensina por favor?



O barqueiro não sabia os porquês e disse que para mulher culta, não sabia ensinar. Nenhuma insistência fez com que mudasse de idéia.



Não, eu não sou culta. Culto só é quem sabe ler rios e eu nada sei.

Passo meus dias escrevendo invenções. Fingindo entender sobre sentimentos, tentando adivinhar o que me cerca. Nem mesmo um pequeno córrego eu consigo decifrar. Não, eu nada sei.

Vivo carregando minhas perguntas para todos os lados, procurando respostas.

E quando me arrisco a algum palpite, erro demais. Não há rio que me entenda e nem barqueiro que queira me ensinar.



_ Esta bem barqueiro, não me ensine. Eu tenho mesmo dificuldade de aprender e, para ler o rio, de nada serve o que aprendi até hoje. Não me ensine mas me leva, barqueiro? Só me leva? Prometo nada perguntar.



Concorda. Vou com ele.

Enquanto navegamos rio acima e rio abaixo, o barqueiro, com sua voz macia, me embala, me cuida e lê o rio para mim.



09/11/2006

TITA ANCONA LOPEZ
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