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 | Poesias-->ÀQUELA QUE PARTIU -- 25/02/2001 - 00:11 (Paulo Sézio de Carvalho) |  |  |  |  |  |
 | Àquela Que Partiu 
 Paulo Sézio de Carvalho
 
 
 
 O que poderia se passar naquela cabecinha
 
 Que viajou por noventa anos e setenta dias?
 
 Que entre rezas, vasculhava um horizonte de linhas,
 
 Que transmutava sua fé em terços de Maria?
 
 
 
 Incomodava a todos, o seu jeito de ser
 
 Principalmente quando a dizer que existia.
 
 Suas queixas instintivas estavam à mercê
 
 De seis indulgentes, seu conjunto familia.
 
 
 
 Ainda me lembro daquele olhar, triste olhar.
 
 Uma simplicidade riscada, em belos traçados.
 
 Dois sóis opalas num raro lugar
 
 Em finas lágrimas de olhos cansados.
 
 
 
 Jamais caiam, essas lágrimas, jamais.
 
 O conjunto era um brilho sem igual.
 
 Mil vezes tentei descobrir o cais
 
 do perdido-olhar, do barco sem sinal.
 
 
 
 Não tenho o mínimo desejo de tê-la como uma idéia pessoal,
 
 Mesmo porque seu horizonte era um perto no além.
 
 Nada muito específico, talvez saudade casual.
 
 Era uma vida, de onde pariram mais de cem.
 
 
 
 Para muitas coisas já não precisava se ocupar
 
 Era a desocupada das últimas estações.
 
 Fizera do quarto, sua varanda, seu lar,
 
 E dos mudos silêncios, suas preces e orações.
 
 
 
 Sua vida se reduzira das fazendas à fraldas alheias
 
 De crianças tenras transformadas em netos.
 
 Cansada, qual inseto preso em sedas teias,
 
 Abstraia-se do peso em seus braços concretos.
 
 
 
 Uma mísera esmola de alimentos e cama
 
 Doados por seis indulgentes maquiados de emoção.
 
 Multiplicados por dois em fins de semana,
 
 Era tudo que ofertavam, era esse seu quinhão.
 
 
 
 Agora eles amam e contam o sentir
 
 Indulgentes curiosos, por vinte multiplicados.
 
 E se ainda não aprenderam a ouvir
 
 Indulgentes que eram, estão acabados.
 
 
 
 Sequiosas não mais estacionaram
 
 As lágrimas que finalmente trairam
 
 Não nas pálpebras entumecidas, pois nela jorraram
 
 Mas aos olhos da terra, que neles cairam.
 
 
 
 Abaixando, abaixo de mim,
 
 Para encontrar O Alto de todas as gentes,
 
 Deixara a saudade de pobres coxins
 
 No vazio tardio de seis indulgentes.
 
 
 
 
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