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Poesias-->PASSADO POSSÍVEL -- 03/08/2008 - 20:32 (JOSE GERALDO MOREIRA) |
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PASSADO POSSÍVEL
Sentado nessa cadeira agora imensa
Você olha para frente querendo ver
Algo que tenha feito que seja grande
Onde você possa se sentar em paz
Com os ombros descansados do viver
A vida é uma coleção de dores
De desejos, feitos, sorriso e amores
Você na sua cadeira de couro
Cego no circo imaginando malabares
Enquanto os palhaços ofertam flores
Os possíveis eu que hoje seria
Abanam leques amenizando o dia
Todas as escolhas parecem ridículas
Como aquele dia em que acenou adeus
Acreditando ser a grande chance da vida
Adeus para todos. A máquina aguardando
A sua entrada no grande jogo redondo
Que dia mais dia retorna ao inicio
Lançando-o, insensível, a essa cadeira
Que encontrou sem saber como
Tudo se resume a esse cara construído
De tudo que fez, foi,sentiu, combateu
Você é o resultado dessa coisa doida
Que chamam vida e você acha o caos
Mas este é o resultado do que a si prometeu
Os possíveis herói, mendigo, mascate
Gerente, traficante, toda sorte de sorte
Abana seu leque atrás dessa cadeira
Perguntando por que você o sacrificou
Quando a outro escolheu para mote.
Todo esse passado possível e distante
Toda essa gente que você teria sido
Todas as coisas que teria feito diferente
Se em algum momento optasse diverso
Daquilo que escolheu por destino
As mulheres que amou fiam lã
Para um imaginável filho que paririam
Se você não tivesse partido de repente
Se houvesse ouvido, falado, crido
Insistido no amor que elas prometiam
Essa cadeira contigo sentado à toa
Olhando os livros um dia lidos
Nem se todos eles houvesse decorado
Poderia fazer diferente este momento
Quando fica frente a frente consigo
Este presente é a sua escolha final
De todas as que teve para escolher
É, enfim, o seu próprio presente
Que a si mesmo oferece descontente
Mas é o que tem para dar e receber
Tudo que poderia ter sido seu futuro
Agora é passado sem chance de porvir
As sardas nas mãos é a materialidade
De toda a sua perfeita incapacidade
De modificar o que está para vir.
Esta é a sua grande chance de dar adeus
A tudo o que fica ancorado no cais
Esperando que parta a nau de uma vez
Com seus marinheiros impecáveis
Banco de couro, retratos a óleo e castiçais
Você se nega despedida digna
Erguendo o corpo da cadeira
Uma multidão de possibilidades
Acompanha seu caminhar ereto
Para lembrá-lo de uma vida inteira.
Agora é tarde, pensa; só você sabe
Ou tem consciência da sua verdade
Esses que o acompanham, aturdidos
Nada sabem dos segredos da vida
São fantasmas de final de tarde.
Só você tem as chaves do cofre
Só você pode decifrar o segredo
Amanhã será apenas mais um dia
Para completar o que vem sendo
O que escolheu para conter o medo
Eis exposta a sua grande obra na galeria
Os que o acompanham contemplam
Procurando sentido naquilo que vêm
Sem entender que só você sabe o preço
Do fundo e forma que agora ostenta.
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