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Poesias-->2414 -- 17/10/2008 - 20:26 (maria da graça ferraz) |
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Os pés
Pés de soquete, de pilão
de taco, de marreta,
de malho, de pistão
Para onde vão?
O que sonhariam
os pés da multidão?
Talvez, sonhem, um dia,
pisarem o chão do paraíso
andarem sobre águas
esmagarem a cabeça da serpente
baterem palmas como as mãos
ganharem uma palmilha feita de nuvens
Ou, quem sabe,sonhem com
amortizadores anti-ferrugem
motores de propulsão
rodas velozes
que lhes possibilitariam
nas alturas
baterem todos os recordes
Mas, onde estou,ouço
o som de passos tristes, loucos
nos corredores deste hospital,
meus senhores
É tudo que agora ouço!
Passos rastejantes, vencidos
Cautelosos,viúvos, ressentidos
Sem prumo. Sem sincronia
cujo SALTO
é agora uma quimera impossível
Pés duros coxos secos
que desenham
semi-luas
astros tortos
sóis mortos
Pés que perfuram
o chão como uma pua
e abrem túneis, trincheiras,
vagarosos, empurram,
e oblíquos esquivam-se e dobram
ao peso do chumbo
O que sonham os pés
doentes?
Sonham com um sapato apenas
Um bom sapato!
Um sapato dócil, amigo,
valente surrado
Liberto dos cadarços
Que guardasse dentro dele
todos os mapas
todos os passos de dança
todos os remédios para calo
e
a memória de todas as asas
Para voltar para casa
com mais rapidez
Sonham com os pés no chão!
Seria isto um sonho? Não sei Sei não!
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