O cavalo articulado tem suas pernas colocadas como as de um Manga Larga Marchador e ocupa o alto em pose muito imponente. Abaixo dele o índio espanhol que se equilibra sobre um alfinete lhe oferece uma tigela de alfafa como por respeito ou obrigação. Os livros de arte nos cantos observam a cena e dão um colorido e certa nobreza ao ambiente trazendo recordação de lugares visitados: Veneza, Roma, Argentina, Amazônia; muitos livros, muitos lugares. Lá fora a chuva sem parar, sufocante e forte.
Os dois hostiários, bentos, com hóstias dentro, ficam na base, como que sustentando a estrutura. As esculturas em gesso de cor azulada da artista argentina tomam seus lugares sobre os livros espalhados e revelam uma graça particular. Duas cabeças gregas brancas dão seriedade ao quadro.
As figuras em bronze da artista plástica da família assumem lugares mais nobres e mais adequados para serem mais bem iluminados pelos raios de luz que vêem dos lustres superiores.
Antigos jogos de chá em bronze com seus bules e xícaras ingleses lembram um fim de tarde aconchegante, relaxante, pensativo. Lá fora a chuva impertinente não presta atenção em nada.
Muita coisa foi tirada, escondida, eliminada. Ela dançava um balé pra cima e pra baixo empenhada, resoluta, procurando a melhor posição para casa coisa. "Gestos vagarosos, quase musicais, corpo fino, andar dançante".
Lá no topo, um gatinho de porcelana cor de areia e de orelhas negras se posta com sua cabeça olhando para baixo, naquela pose que só gato tem nas últimas prateleiras de uma estante que ela arrumava, meticulosa e alegremente, sem se importar com aquela chuva; parte da mesma chuva que causara tantos danos em nossa terra neste verão.