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Poesias-->INFÂNCIA JACARANDÁ -- 06/03/2009 - 10:24 (Alexandre José de Barros Leal Saraiva) |
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Uma tristeza tamanha se esconde por detrás de portas e janelas -
tão velhas quanto ele se nega a ser.
De vez em quando ainda enxerga o mundo em frestas:
Imagens recortadas pelo cheiro úmido do jacarandá.
Pessoas divididas ao meio. Rua de asfalto pela metade.
Carros que, aos pedaços, fugiam dele... E ele também fugia!
Mas disso não sabia.
Um corredor máximo levava à uma novidade da panasonic.
E o lugar era ainda mais feio, pois havia um tapete verde.
Porém, ele imaginava um infinito campo de futebol
onde existiam 22, único jogador. No singular mesmo!
Pois todos eram ele e ele era ninguém.
Bolas de meias.
Outra de couro avermelhado e odor inconfundível.
Borracha barata nos pés, que bom chute....
cabeça na lua tosca da imaginação infantil
ressuscitada quando se chega aos espelhos gris.
E a escada?
Era de mármore?
Era branca?
Não importa, era dele!
Mas era branca sim. Para todos que a vissem, era branca.
Para ele, além de branca, .... de mármore.
E ninguém, absolutamente ninguém, pode a isto se contrapor.
Cada um constrói a sua própria escada como melhor lhe aprouver
e a dele era branca, de mármore, imensa, larga, perigosa, apetitosa.
Oh! há quanto tempo já não sobe os degraus da escada de sua infância....
E la vai ele,
andando apressado em outra rua do presente,
quando, de repente, para e vê:
naquela casa desconhecida de um outro alguém, há um menino que a tudo olha,
inclusive a ele, entrecortado,
pelas frestas tristes de qualquer infância jacarandá.
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