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Poesias-->2501 -- 12/04/2009 - 20:18 (maria da graça ferraz) |
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É uma a solidão apenas
E uma fome SÓ
A solidão da gordinha
diante da hóstia:
" Isto engorda?"
A solidão das massas
sub-nutridas, bóias frias,
que caminham para o trabalho,
entorpecidas, todas as manhãs
A solidão da gordinha
diante do biquine de bolinhas
exposto na vitrine
" Tém com balão?"
A solidão das longas filas
diante do bazar de promoção
nos supermercados
A solidão das vasilhas de sopas
nos hospitais
A solidão das rações de soja,
nos refeitórios comunitários
A solidão das migalhas
caídas da boca
no chão dos elevadores, dos saguões,
dos estádios
A solidão da gordinha
entre os homens:
" Sou feita de ciclamato
Anticancerígena!
Aspartame modificado"
A solidão da palavra solidão
que se auto-define
como aumentativo de tudo
que é sólido
A solidão da luz
que jamais atravessa
os corpos opacos
A solidão dos braços
ensaiados
que se estendem
às vacinas
e das bocas
que se abrem
aos grãos aos comprimidos
às vitaminas
A solidão das mãos
elevadas para cima
Para o quê apontam estas mãos?
Diga-me
A solidão da gordinha
diante da máxima física:
Quanto maior o peso,
mais rápida é a queda
"Mas isto vale também
para o sonho?
( refiro-me ao sonho mesmo,
não ao sonho da confeitaria)"
A solidão dos mitos belos
JAMAIS ingeridos
A solidão de um homem
famélico magérrimo
diante de um DEUS
servido em pílulas
A solidão dos que mastigam
dos que consomem
dos que possuem
por todos os lados
APENAS FOME
A solidão da palavra
"fraternidade"
apenas entendida,
em silêncio , cela escura,
quando a multidão
divide o mesmo rolo
de papel higiênico
nos banheiros públicos
A solidão da gordinha
no mundo acalórico
gota pobre
"Mesmo sem calor, sem foguinho
Eppur si muove
Ainda assim,se move"
obrigada por teres me lido
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