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Poesias-->2524 -- 12/04/2009 - 20:37 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O hospital à noite

Inumano

Branco

Como uma mármore encerada



E seus seres escuros

acordados :

Os loucos

Os embriagados

Os excluídos

de todas as ruas

com seus uivos



Diante de mim, esta noite,

o "casal" banhado em sangue

divide a mesma maca

Corte múltiplo de faca

pelo corpo

Ambos misturados

como um quebra-cabeça



O cabelo longo caído sobre o rosto

tapava um olho

O sexo duplo depilado

A glândula em desuso

multi-partida

no saco adormecida

como duas ameixas

Os fortes músculos

desfeitos

As unhas compridas

cor de cereja

E o pomo de adão

na laringe tremia

quando disse seu nome- JOÃO!



E o único olho pintado

de azul e de carmim

posto em mim

multiplicado

em feminino macho

rolava

como um facho estrábico



Indefinida é a noite hoje!

Há luta!

O lampíão

do pátio do hospital,

como uma barca insone,

brilha, vence a lua,

com seu velame de silicone



Hoje, nenhuma menina menstrua!



obrigada por teres me lido





Eu escrevi isto porque atendi um travesti esfaqueado

Encontrei-o nu na maca do posto

Confesso que vi muita coisa nesta vida, mas esta visão atordoante me marcou muito



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