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Poesias-->Gripe suína: O Difruço da porca, de Miguezim de Princesa -- 12/05/2009 - 10:30 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Coluna do Claudio Humberto

12/05/2009
00:29



O DIFRUÇO DA PORCA

Miguezim de Princesa



I

Meus senhores e senhoras,

A Providência Divina

Manda mais de um recado

Para evitar a ruína:

Manda enchente e furacão,

Tormento e devastação

E até gripe suína.



II

É tanta notícia ruim

Emporcalhando a estrada,

Pedras de decepção

Atrasando a caminhada,

Tanta sombra na centelha,

Que até a porca velha

Resolveu ficar gripada.



III

O porco velho saiu

Uma noite do chiqueiro,

De manhã voltou com uma mala

Entupida de dinheiro,

Mas deu na televisão

Que um bacurim ladrão

Tinha roubado os brasileiros.



IV

A porca, vendo a notícia,

Entrou logo em desespero,

O bacurim de gravata

Saltou pro meio do terreiro

Disse: “Pai também roubou,

Nosso chiqueiro aumentou

E investe no estrangeiro.



V

O nosso vizinho do lado

Tem castelo e avião,

Tá se lixando pro povo,

Que se dane a multidão,

O que vale é ter poder,

Um cocho pra se comer

E uma conta de um bilhão.



VI

Vou investir o dinheiro

Num paraíso fiscal,

Depois dizer que quebrei

E estou passando mal

Que o Estado-Barrão

Aumenta arrecadação,

Fecha escola e hospital.



VII

Pega todo o capital

Escorchante do intruso,

Esparrama no chiqueiro

De um jeito muito confuso,

Numa gastança de orgia

Que o porco de alegria

Sai rodando o parafuso.



VIII

E sai enganando a quem

Não é do mundo suíno:

Uma chita pras mulheres

Uma chupeta pro menino

E uma cesta de comida

A quem só resta na vida

Um lampejo bem mofino”.



IX

Um bilhão passando fome,

Nos quatros cantos do mundo,

E quem só tem o salário

Xingado de vagabundo,

Chupa-cabra da Nação.

O negócio é ser barrão

E ter dinheiro no Fundo.



X

A porca indagou do filho,

De uma forma assim bem por alto:

E se alícia te pega

Roncando dentro do mato?

Bacurim diz: “É comédia,

É inventar uma tragédia

Que logo esquecem o assalto!”.



XI

E então mandou que a mãe

Ficasse logo acamada

De uma doença terrível

(Uma gripe mal curada,

Quase uma gripe espanhola),

Aí fecharam a escola,

O botequim e a estrada.



XII

Mandaram fazer vacina

Para o Estado comprar,

Esparramaram o produto

Por terras do além-mar

E dentro dos escritórios

Porcos de laboratórios

Lucraram até enjoar.



XIII

O sul se acabando em seca

E o Nordeste em enchente,

A dengue, a safra de anjos

No cortejo impenitente

E o mundo da porcaria

inventa uma gripe vadia

Para engambelar a gente.





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