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Poesias-->Epitáfio -- 15/05/2009 - 11:38 (Hideraldo Montenegro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
EPITÁFIO







Terra, minha terra

eis que me devolvo:

tua poesia, teu ovo.





Devolvo-te os sorrisos escrotos

meus sonhos, meus brotos

minhas esperanças, meus mortos

e, agora, o meu inútil corpo





Devolvo-te o cheiro

destes eucaliptos que acenam

despedidas e boas vindas

aos filhos errantes, retirantes

nesta ilha latifundiária

e agreste de oportunidades

e sonhos delirantes





Devolvo-te tuas verdes colinas

o Societé, a Praça da Bandeira

as rochas, insensíveis, indiferentes

as Sevis, as Brandinas

os servis, a falsidade,

a dor de dente

o dinheiro pouco

para pagar a cantina

teu odor, tua latrina

o futuro e o presente





Devolvo-te o Poço da Nega

o schistosoma

a Travessa da União

a política coma

o engenho, o mel

e a ausência do pão





Devolvo-te o peito,

o sangue derretido, o veio

o clamor, o povo sofrido

o cordão umbilical, o pleito





Devolvo-te teus governantes

que fingem festas, festivais

votos e sorrisos bacanais

embora deixem deserdados

os irmãos natais





Devolvo-te o teu povo

que abre-se fabril

a outros abraços operários

- cicatriz anil

tecida em pele, pavio





Devolvo-te minhas noites,

meus açoites, o salário canavial,

a hipocrisia, a água batismal,

a pia, teu vazio cultural

teu sangue, teu corpo

tua gente, teu sal





Devolvo-te os puteiros

a tua falta de perspectiva,

e a pátria amada sepultada

pela enxada do coveiro

o grito incontido

o escritor, o tinteiro





Devolvo-te tudo

exceto tua moral

Belge Bresiliene

pacífica, morenense

e teu involuntário

abraço final

- cana de açúcar

teu bem, teu mal





A Terra dos Eucaliptos

finalmente receptiva

e acolhedora

abre a sua boca voraz

para me receber

quando não estou

mais nem aí

e não quero saber





Hideraldo Montenegro:

http://hideraldo.montenegro.zip.net/



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