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Poesias-->Publicação por Elói-Editor-1967(2) -- 08/06/2009 - 19:36 (Eloi Firmino de Melo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Poemas de Gladstone Vieira Belo





CONFIGURAÇÃO RURAL





Os caminhos se traçam

além da seca argamassa

num gesto de animal

que corta e apunha-la.



Possuem garras de baleia

mas habitam os desertos;

são filhos da litania

da lépida manhã, espectros.

Povoam altos rochedos

ou rondam, transparentes,

os mares, alçando, à noite,

itinerário de submisso medo.



Cá dentro fica o agave,

fibra coronária, destorcendo

os filetes da cana,

numa moenda de açúcar e fel.



Eles próprios se consomem,

caminhos de barro e cio,

conforme as dimensões do homem;

tanto na chuva quanto no estio.



A LAVRA



O arado corrói-se

tal lâmina convexa,

afiando gomos de sol,

filamentos de estrume.



Os pântanos se abrem,

e das aberturas caem

a infância e sua aurora:

o agrário entardecer.



Sombrias, as mãos esculpem

o capim, a varanda na tarde;

e brinca o rebanho a pastar

nas calçadas, o vestíbulo:



Visão lenta de neblina

no chuvoso pasto, manso,

demarcando a areia,

sem resistência e pranto.



Na porteira o fantasma

de então, o boi com cachaço

de prata, arreios de sombras

e cólera de noturno espanto.



O TEMPO TECIDO



O ofício é tão exato

que se traga o minério,

abordando-se os seus planos:

tempo férreo da peneira.



Os lados que se ferem,

ristes, são clemências

do inviolável gume do facão;

mina já industrializada.



Prematura horta de fruta

pão, insaciável ganância,

esse martelo que dilata

os artelhos do artesão.



Da maçã só a crosta rubra,

de encandecida artéria;

draga que se move

em torno de si, áulica.

Estendido o fio de algodão

tece-se o secreto rumo

medida de várias contar,

que se fia por combustão.



PLATAFORMA NORTE



São ostras se desdobrando,

esses finíssimos casulos,

de onde se rompe a seda

do móvel espelho sangrando.



Também certas imagens

híbrido vôo industrial;

depois a tessitura do lance,

seu orgasmo-ossadura espacial.



Sobem lívidas, entre esferas

montadas em turvo aço;

seus raios são veias capilares

estampadas sobre áspero regaço.



A plataforma é couro fuselado,

corpo que se planta, côncavo,

nas arestas da semente

de mostarda: verde alado.



As cercas de bronze fecham (a si)

os pântanos de baronesa; talvez

o aborto das crisálidas (ou) e

o lacrimejar diáfano da corola.



ROMANCE

CAMPESTRE INSCRITO

NAS MARGENS DO RIO MUNDAÚ



Os rebanhos sustém o sopro

da flauta, enquanto guardamos

a solicitude das estepes,

com a camisa rota de silêncio.



Cavalgar o núcleo do sêmen

trazendo consigo o estalo

dos seixos, invólucro de cânfora,

muralha de centauros, claro Pã.



Cada abismo é uma volta

que se devota; resgate

mais caro do ovo infecundo,

carnação da nudez rosa.



Para tanto, a latitude obstinada

das membranas polares, geografia

incendiária que nos prende o ventre

do trigo, e aprisiona o centeio.



Descemos aos frios regatos, baixios

de águas opacas; e lá, plasmados,

devassam-se os girassóis; o eixo

da quinta clave, festim de pastores.





LÍRICA – Publicação por Elói-Editor(1967)



Poemas de Marcos Santander, pseudônimo

De Marco Pólo Guimarães.





CANÇÃO PARA CIDINÉLIA



Não falaria em público desse mito

se sua concha a mim se não ligasse

nem falaria dos gemidos finos

de sua gaze.



Têm seus cabelos sob a noite

um gesto mineral em cada fio

e se entretece o olhar-lunar à carne

de cristal e frio.



Ela está solta no seu leito

como lançada num rio

seus soluços brancos tecem rendas

de luar e seio.



Têm seus cabelos sob a noite

um gesto vegetal e cada fio

é pétala tecendo a rosa-face

nos jardins do mar.



No ciclo em que foi feita

pelas ondinas do Nilo

bailam os deuses negativos

o tempo.



Sob a noite, seus cabelos

têm um gesto animal e fios

de sangue vão entrelaçando

os lábios modulando-se canção.



O SERTANEJO



caminho com-passos

de frações palpitadas

levando sobre a cabeça

a trouxa quente do sol

e sob os pés a sandália

àridareia da terra.



Espadas de suor coagulado

varam-se os poros

como raios enferrujados;

e minhas feições se diluem

em escorrego sob meu queixo

traduzindo meu rosto

em vulgatas destorcidas.



Continuo caminhando

com-passos palpitados.



O COPO



O copo parte o seu contorno

modelado no espaço

e formal fantasmal

é de vidro e não de aço.

Mas é erro supor que

seu o todo é fragmento.

Fragmento o seu é todo

que sobe no chã(o) mo(a)mento.



Transborda novas formas

das bordas reformuladas.

Foge à doméstica cela

volta à célula conservada.



E de tal surpreendente

se se racha em fio secreto

ou se cai a bruto ao chão

sempre ao fim firme e completo.



Mas não deve surpreender

-pois é nela que ele ceva

o desejo deste pingo-

a mão que descuidosa o leva.



No seu tempo movimento

de espaços intemporais

flora flor de esqueleto

como o mar flora do cais.



Pois se o parte o piso duro

ele nasce duro e reto

vem do chão em boca flor

de lâmina e de espeto.



Recusa o pano de louças

e risca fitas de sangue

no dedo que o toca

com gritos enigmáticos.



O AMIGO MORTO



Lassidão no corpo

Todo amigo é morto.

O amigo só toma

A condição de amigo

Quando morto.

Todo texto definitivo

Ainda é algo torto.



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