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Poesias-->LÍRICA Publicação por Eloi-Editor l967(3) -- 09/06/2009 - 09:18 (Eloi Firmino de Melo) |
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Poemas de Tarcisio Meira César
PORTRAIT OF A LADY
l.1 ou musical os lábios,
a voz: nenhum cristal.
Após o espaço, indecisa,
a luz dos olhos, metal.
l.2 Linda na cor que veste
o polar gelo.
Dos ombros, braços, o colo,
sinal mais belo.
l.3 De antiga tarde,
passeia o olhar:
vivo, inquieto,
torna a vagar.
l.4 No crepe da Andaluzia,
como colinas o busto:
alveolar promontório,
nascido de sob o arbusto.
1.5 Que alumbra, alumbra,
vagueia vaga.
Mãos como a pluma,
aplainam, afagam.
II
2.1 Uns cabelos de noite
quase solar.
Ramagem-noite
de mar de amar.
2.2 Ei-la em silêncio,
de expressão vaga:
como se olhasse,
não vê, indaga.
2.3 Como a paisagem,
alumbra.
Como a ramagem,
ensombra.
2.4 Em desafio,
move o andar:
ensaia a longa
onda do mar.
2.5 Aqui o acento
do andar convence
a onda do mar
que a praia vence.
III
3.1 Depois,
começa a
surgir mais íntima
ou indevassável
3.2 e
3.3 Assim, esquece,
longo arremedo.
mas por distante,
inspira o medo.
3.4 Mademoiselle
lady
senhora
ou só madame,
3.5 Pura, imperfeita,
um só retrato:
ave insuspeita,
sem mais ornato.
Recife, 1966.
ROMANCE DO PÔNEI GIRA-LUZ
( A Alexandrino Rocha )
Vai girando na luz, vai como os ventos
soprados pela fúria que convém
às ventanias. E audazes, mais além,
as patas como cegos cataventos.
Inúmero no tempo, e inalterado,
no espaço voa agreste da campina.
Ouve-se, apenas, neutro na colina
o ressoar de um búzio não soprado.
Nem cavaleiro vai, girando, assim
à procura de um pasto indefinido
e das distâncias que não tenham fim.
Vai molhar suas crinas no horizonte
e porque nunca infância tenha tido,
despedaçar lembrança atrás dos montes.
SONETO INDELÉVEL, NO CAMPO
De quando eram clarins o búzio antigo,
sepultadas lembranças na fazenda:
caminhos por onde hoje, outrora, sigo,
minúsculas histórias sem legenda
alguma: o sol, o boi, cavalo à sombra,
água limpa à espera das levadas
e a chuva “con la niña” de mãos dadas,
os cabelos no colo, como alfombra.
Estava quase além. E era primeiro
do mês de quando a via, como abril-
distante mais- setembro ou foi janeiro.
Nem foram mais clarins. Nem mesmo fui.
Como este azul tão sem limite, hostil,
do tempo que não fora e me possui.
POEMA VAGO
Vaga insistência volta a repetir-se
nos frágeis olhos:
nenhuma porta aberta à minha frente,
entre os refolhos.
A vasta e incrível fenda desenrola
sua paisagem,
sem que ao menos, fora de mim mesmo,
faça a viagem.
Espio o que me abriga em meu redor
e vejo pouco.
Mas diante do corpo que me encerra,
eu me desloco.
SONETO DA TARDE ANTIGA
E vais, sozinha, pela tarde antiga,
repleta de incomum melancolia,
sem reparar no breve sol que ardia
na tua solidão constante e amiga.
Segue em breve ao sol que te adivinha,
quase serena, grave e permanente.
Sempre insurpresa, como antigamente,
além do tempo, tua mágoa vinha.
Apenas segues neste fim de tarde,
e unicamente uma lembrança arde,
na tua solidão constante e amiga.
Porque partiste como antigamente,
em que seguias grave e permanente,
quase serena, pela tarde antiga.
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