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| Poesias-->ABDICAÇÃO II -- 06/08/2009 - 08:06 (JOSE GERALDO MOREIRA) |
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Não quero meu futuro
Cansei de aguardar amanhãs
De passar noites em escuro
Esperando o sol nascer
Para viver somente amanhã
O amanhã é um bêbado
Atravessando a ponte frágil
Que leva meu presente
Para o passado impossível
Onde descanso intocável
Nada de tempo perdido
Amaciando botas para andar
Na terra do improvável
Quando todo meu coração
Pulsa no presente do indicativo
Não me prometam nada
Livrem-me dos presentes que trarão
No próximo aniversário.
Palavras, quero-as neste ato
Que estou sedento, esfomeado
Plantem flores para que cresçam
Não as plantem pensando na beleza
Meu jardim tem árvores imensas
Plantadas por pessoas
Que nunca vieram vê-las.
Pensem nas sementes que plantam
Pensem em mim que as recebo
Decerto florescerão soberbas
Mas não tenham tanta certeza
Com esses ventos fortes à solta
EU ABDICO DO MEU FUTURO
Quero o teu beijo hoje
Um acarinhar de dedos na nuca
Um abraço agora
Nada de amor na terra do nunca
Não meçamos palavras
As línguas queimam
Do palato escorre lava
O coração, de repente, para
O amor fica não declarado.
Não quero ser o porvir
Nem ao pódio eu pretendo
Deixem-me com meus níqueis
De vida: sou rico hoje
Que meus olhos estão atentos.
Amanhã será outro presente
Viverei em paz o próximo dia,
Sem pensar no domingo ou setembro
Amanhã será inominado
Germinando novas sementes
Quando colher o que plantei
Estarei colhendo flores do dia
Estarei regando pétalas vivas
Que sequer sabem da ventania
Mas que cuidarei com fervor
Antes que minha voz enfraqueça
Terei falado teu nome milhões
Terei abraçado cada dia de vida
Com a fé que mantém a energia
Pulsando na usina dos homens
Por tudo que passa depressa
Não me ame no futuro
Queira-me hoje, ama agora
Que o sol se põe sem pressa
Mas não se atrasa um minuto
Quando a lua olhar pela janela
Esteja atento, puro sentido
Que será a única que verás
Todas as outras serão belas
A lua de hoje é o dia vivido.
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