Te diga as palavras que calam em meu silêncio que nada mais diz além do teu encantamento
Que faça coisas temíveis porque sua claridade basta para veres o quanto existo em sua miopia
Que te acolha no mais profundo sentimento em que fazes da vida teu esconderígio
Que te encontre no sabor das manhãs em que acordas incompleta, inquieta com tua solidão
Que te deixe aflita da febre súbita e infinita de olhares para o apelo das rosas que deixei nos teus sonhos movediços
Quero muito mais que isso, quero a poesia que te acolha como um pássaro acolhe o vento
E nos murmúrios incandescentes da tua carne te deixa estática e a contemplar a paisagem descoberta
A poesia que te descubra com o máximo de riso, para que possas esparzir a grande melodia que há em tua sólida e inconstante harmonia com seus desejos de faca
Que ela decore sua lucidez com os verdadeiros motivos desta vida
E que nela você se veja, atônita, desvairada, simples, mulher,
Inteira beleza que sobre mim coagula entregas e miragens que desbotaram no mundo
Porque este mundo dado de graça, este que passa e não sentes, este não é o mundo,
E eis que a poesia te fará do mundo apenas aquilo que é seu, o que em tuas conversas veladas,
Teus pensamentos inconfessos, tuas volúpias de madrugada, são o calor maciço de nossas almas, ardem no abismo dos nossos olhares,
E se transformam na alma nos pequenos seres que esperam arder com um pouco da nossa paixão eternizada.