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Poesias-->Flores de 1971 -- 27/04/2010 - 14:48 (JANE DE PAULA CARVALHO SANTOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Essa poesia é dedicada ao meu Pai, pois ontem, brincando de ver fotografia vi uma foto que ele tirou em 71, quando fez um curso com uma máquina bacana, é um jardim de margaridas brancas, mas na foto só aparecem as flores.



Na margem da foto ele escreveu a data e no verso a máquina que usou, o filme, a asa, etc...



E eu fiquei com a imagem na cabeça me perturbando... sonhei com o jardim de noite...



E decidi prender meus fantasmas no papel.



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Flores de 1971







Na casta permanente de vitalícias odes



perecem as pétalas das flores na fotografia



e no verso uma nota breve de um punho ligeiro e leve



a gotejar seus desejos, futuros anseios de cimentar a estrada.







Ao imigrante a esperança de seguir sem ressalva.







Na retina trago a marca das margaridas em pose altiva para o artista,



trago também o indelével carimbo da correia



cravado nas coxas de moleca,



joelho grosso do asfalto novo.







Tudo é novo nessa cidade, menos a ilusão de sermos iguais.







Ao tempo a marca do sagrado e a certeza de me fazer livre.



Liberto o peito, aberto o ventre,



rebento ao mundo a condição de imigrante a quem é nativo



e as cores das flores na fotografia esmaecem ao largo.







Teimosia em querer ser vanguarda de um tempo arcaico,



catolaico,



onde tudo é descrença e fé.







O punho ligeiro pegou o bonde e assentou-se na janela,



caminhos pavimentados, sem picadas, ou pinguelas;



ao Del Rey a realeza manifesta



e a prole encaminhada, tortamente escolheu destinos outros.







De minha parte, a sina materna edificou o clã



seres fortes, na estrada perpetuam a própria sorte,



combatentes do bom combate,



como Paulo, o menor, avisava ao timoneiro.







Juntos tocando a utopia,



honra a quem sempre viveu em sujeição,



resgate aos eternos cativos,



arte em stacatto, pizzicato, palhetada e dissonância,



arte final hachurada em pena fina



sobre idéias marchetadas no hipotálamo



sobre canções em piso de linóleo,



em movimentos breves de intensidade magnânima;



e um rostinho matreiro ainda a se definir sobre a paleta do arco íris.







Ao tempo, a perenidade da pétala da flor,



à condição humana, o tom efêmero dos legados,



às edificações, o transitório de cada tijolo,



ao infinito, meu microcosmo da ponta do pólen da flor da fotografia



de uma Brasília nascitura,



sob o claro céu de anil, obscura,



restrita.







Nada é novo nessa cidade, inclusive a certeza de sermos iguais,



meu pai.

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