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Poesias-->RECEITA DE BOLO -- 20/05/2010 - 08:53 (Alexandre José de Barros Leal Saraiva) |
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E o pouco que conheço de cada canto do abismo que sou
me dita o passo seguinte.
Ah! Quantas falsas dores me traz o amor...
Seria melhor perdê-lo?!
Me disseram, entre rios de uvas,
que o belo é voar. Deixar o amor ir embora,
vê-lo, dos dedos, aos poucos escapar.
Faltam-me asas, porém!
Meus pés imitam raízes
e sugam o húmus desta terra mulher -
esforço último de sobrevivência.
Sonhos de meio-dia se repetem
e o corpo ressurge suado, mais cansado ainda!
Caminho e converso com a tristeza vizinha
como quem troca velhas receitas de bolos.
Sou capaz de varar a noite imitando as agonias alheias,
enquanto depuro o gosto gelado da saudade.
O amigo antigo que me viu ao fim da tarde,
achou-me estranho, calado demais, absorto demais,
quieto de...........mais. De quietude ele não entende nada!
Ao menos, da minha.
Pois em mim, havia o mundo todo e seus barulhos.
Pensei no mar. Na força da onda, no estupor da areia invadida,
remexida, violentada por esta estranha necessária.
Grãos trocam de lugar. Pequenas vidas se entrechocam sem querer
o sal, a espuma, o mar, a onda.
E eu, areia com pegadas, areia com milhares de pegadas que não são só minhas, fui, de repente, transformado em caos...
... Graças a Deus. Já não é só meu o abismo que existe em mim! |
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