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Poesias-->Maluquice de galinha -- 27/05/2010 - 21:20 (João Rios Mendes) |
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A Mércia Manfrini escreveu e ofereceu esta poesia a minha filha Érika no dia 07/07/1992. Érika tinha 10 anos de idade.
Certo dia o senhor galo,
Ao rondar o galinheiro,
Viu sua mais linda galinha
Amuada no puleiro.
Quiz sabe o que se passava
Com a bela amarelinha:
“Oh marido, vou morrer agoniada,
Se não comer raposinha!”
Ouvindo tal disparate,
Assustou-se o marido:
“Chamem os sábios, os curandeiros,
Enlouqueceu minha galinha!...”
“Chamem os mestres, companheiros,
Que venha o mundo inteiro!
Não tem dentes a coitada,
Mas quer raposa a bicadas”...”
Não sabendo o que fazer
Com grande problema assim,
Sem conseguir se conter,
Andava passos sem fim:
“Esse mundo tá virado,
Nunca vi coisa assim,
De tanto fugir da esperta,
Perdeu o juízo, isso sim!...”
E a galinha tinhosa,
Apesar do alarido,
Não descia do puleiro
Piorando o acontecido:
“Se não comer a raposa,
É greve de ovos, querido!”
Cacarejava a esposa
Pro marido estarrecido.
Diante da confusão
Acudiu a bicharada:
“Que maçada!...”
Exclamou toda a patada.
“Tem caroço nesse angú!...”
Falou o senhor Peru.
“Quá...” Resmungou Pato Quá-quá,
“Boa coisa isso não dá...”
Acudiram mestres e sábios,
Todos boquiabertos.
Até Sapo Curandeiro
Quiz ver aquilo de perto.
Vendo tanto alvoroço,
A raposa lá da toca,
Falou pro grilo nervoso: “Seu moço,
Não sou milho, nem minhoca...
Não sirvo prá esse almoço!”
Assim então decidida,
A acabar com a confusão,
À galinha atrevida,
Foi dar grande lição.
Passo leve, silencioso,
No seu jeito sorrateiro,
Cheia de ardis, a malandra
Achegou-se ao galinheiro.
Ao ver a raposa, os bichos
Saíram em debandada,
Deixando com o galo aturdido
Aquela galinha danada.
“Me acuda, ó marido,
Não me deixe assim de lado...
Não quero comer raposa... có... có...
... eu estou apavorada...”
Ao ouvir tal coisa, o galo
Saiu correndo, nervoso:
“Com raposa não me meto,
Que eu não sou tão corajoso!...”
E a galinha Cócó
Sem ter o que fazer
Com o susto de dar dó,
Só lhe restava correr.
Assim termina o episódio
Mais insólito acontecido,
Que deixou muito espantado
Todo bicho conhecido.
Desde então, logo cedinho,
Só quer milho, vejam só.
E quando põe ovo no ninho,
Grita tanto que dá dó:
“Botei ovo, có... có...”
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