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Poesias-->2599 -- 05/06/2010 - 22:32 (maria da graça ferraz) |
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Escrevo para dar uma voz
às coisas
e me encontrar em tudo
Eu sou o sabonete da pia,
a casa próxima,
a estrela fria,
o barco sem ninguém,
a água da chuva a cair
do telhado,
o ventilador do teto,
o vidro à noite,
a lata na rua,
o plástico a queimar
pelo fogo,
o caroço do abacate...
Escrevo para dar um emprego
justo e humano às coisas
Dar-lhes a chance
de aposentadoria,
seguro saúde
e férias coletivas
Dar-lhes enfim
uma existencia mais digna
e um fim heróico
com direito ao caixãozinho
do esquecimento
e não à cova funda do inutilitarismo
Escrevo para permitir
a possibilidade
de um encontro- O ângulo
Preciso fazer as coisas
rirem
Como estou rindo agora
Escrevo? Pura tagarelice!
Senhora solitária
a jogar conversa fora
da janela alta do silencio
de todas as horas
Saia de baixo
que hoje caem tortas
de abóboras recheadas com lorotas
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