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Poesias-->O CALABOUÇO -- 26/07/2010 - 19:45 (Nicole Rodrigues) |
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O CALABOUÇO
Essa é a história do rato traquina.
Um bicho tão sabido, mais tão sabido,
que sempre conseguia o que queria.
Reza a lenda que um belo dia
ele estava tão faminto que saiu do esgoto, na surdina,
rumo a um lindo castelo, na cidade vizinha.
Foi chegando de mansinho tentando abrir caminho.
Pra lá e pra cá, saracoteava sozinho e vivia a repetir:
“Rato que é rato tem que roubar comida direito.
Tudo bem rapidinho pra não correr o risco de ser pego”.
No castelo ele chegou, todo cuidadoso:
um olho no chumbinho e outro na ratoeira.
Mas o serelepe ratinho mal sabia
que a pior das armadilhas nenhuma dessas seria...
Descendo a escadaria rumo à cozinha
deu de cara com a Rainha:
- Ohhh, que bela!
Já no último degrau deu de cara com a Princesa:
- Mais uma?!
Ahh, que beleza!
O ratinho ficou encantado
e não conseguiu decidir
qual das duas queria ao seu lado.
“E agora, e agora, o que é que eu vou fazer?
Sem aquelas duas eu não quero mais viver.”
Num ato de bravura,
o bichano foi até o Rei e lhes disse:
“Majestade me perdoe pelo rato que sou,
a amar suas mulheres condenado estou.
Daqui não posso e nem quero sair.
Estou confessando o crime que cometi.
Por isso me puna, me prenda, me enfie em seu calabouço.
Lá eu ficarei quietinho e não causarei mais nenhum alvoroço”.
O rei,
muito aborrecido com a traição,
tratou de condenar o rato à reclusão:
“Foi procurando comida que se encantou com a rainha;
foi procurando comida que se encantou com a princesa;
ficarás preso em uma cela suja e vazia
e nunca terás nenhuma das duas que tanto deseja”.
Horas mais tarde a rendição já era notícia
e todo mundo finalmente entendeu
o que na cabeça do ratinho sucedeu
já que lá do jardim a gargalhada dele se ouvia:
“Há, há, há!
Ficar preso aqui era tudo o que eu queria.
De agora em diante farejarei noite e dia
mulher do rei e a sua filhinha”.
Pelo visto o velho rei esqueceu
que nem a grade, nem as paredes de concreto
poderiam deter um ratinho tão esperto...
Nicole Rodrigues
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