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Poesias-->Sofreguidão -- 28/09/2010 - 00:24 (Ademir Garcia) |
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SOFREGUIDÃO
Quem sopra ao púbere ouvido cantigas de bem-me-quer,
De quando a vida encontrar seu viver, seu laço temporal de viver,
A flor da juventude que ainda graça pelas madeixas de prata,
Lhe ofertará os perfumes que pairam nas cercanias do Olimpo.
E então Euterpe haverá de permitir que trinem suas harpas,
Para deslindar a melodia que lhe adormecerá os pensamentos,
Enquanto sua dança inconstante rodopiar pelos sonhos de mel,
Qual fossem passos da ninfa pelos castelos, flutuando nos salões.
Ó bem querer(!), que qualquer mal-me-quer dissipa em pétalas,
Ó jardim de flertes e temperanças onde brotam críveis amores,
Tragam os lábios de orvalho para saciar sua desleal eloqüência,
E purifica nesta fonte de venturas a língua da víbora musa.
Virão, sim, tangarás em seus mantos azuis para dançar sua orgia,
E os loucos construirão uma senda pelos guetos da imaginação,
Para lobrigar a formosura das aparências desnudas e cambiantes,
Onde o mel ainda escorre pelo descuidado permeio do cândido colo.
Ó celebração da alma-de-cântaro, na incerta rigidez da viçosa idade,
És como qualquer improvável modéstia em feminino corpo,
Que se perde na pirotecnia da impudica inspiração dos sonhos de mel,
Para que aqueles loucos cheguem pela senda ao fatal desleixo.
Enquanto Calíope, a víbora musa não descuidará desses versos,
Que em reverso trarei Tália para o jardim das temperanças e romances,
E com flores que cultivar em seus férteis canteiros babilônicos,
Poderei orlar a cintura daquela que ouve as cantigas de bem-me-quer.
Pronto, Érato, déspota que mal governa meus lúgubres sentidos,
Que devassa e encabula minhas noites já quase sem nenhum alvorecer,
Estou a postos com as honrarias de um verdadeiro espadachim,
Porque a juventude que saciará meu ansioso imo, saberei condescender.
AdeGa/2010
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