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Poesias-->med 311 -- 24/12/2010 - 23:25 (maria da graça ferraz) |
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Os cabelos daquelas meninas
simples que atendia
todos os meus dias
Quebradiços, secos,
às vezes, untados de sebo,
escorriam derretidos
até os ombros
como que feitos
de manteiga caseira ou de cinzas
Aqueles cabelos !
Daquelas meninas
simples que atendia
todos os meus dias
Os fios misturávam-se
como "plugs" interrompidos,
nós nas pontas,
e marcavam o perigo
que é viver em curto-circuito
Sempre opacos estes cabelos,
sem brilho,
sem proteína,
carentes de afeto, de carinho,
apenas espinhos
Entre as mechas,
um pó branco sobrevoava
Ondas rolantes
de um mar de arame
formando uma coroa de escamas
E ainda assim,
impressionante,
refletiam um sol distante,
e elevávam-se aos ventos
tentando desesperadamente
unirem-se ao céu
Pobres linhas!
Tentavam construir
um triangulo,
uma palavra,
lançarem-se como cordas
ao andar de cima
e por todos os lados
como se dissessem
" Também merecemos ser amados"
E sem saberem como fugir...
Sem saberem!
Eram puro atrito
procurando um foguinho
e crepitavam
e assobiavam
como os passarinhos!
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