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Poesias-->cont-149 -- 24/12/2010 - 23:33 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nos porões asquerosos

Mar do esgoto

Fim das latrinas

Junto aos ninhos

da fedentina,

ratos espertos e gordos

dividiam o produto do roubo



-Uni Duni Tê

O Roquefort é meu

O Camembert é teu

E o salame é de nós três



Foi quando um rato

metido a sábio,

cujo nome era José Larápio,

nordestino, barbudo,

improvisou um discurso:



- Estou cansado

desta vida clandestina

e dos longos plantões

noturnos nos fogões das cozinhas

Temos que nos organizar

desde o sul ao norte

Somos a base da pirâmide

Juntos, seremos fortes



-Apoiado. Apoiado-

falou um ratão sarnento´

Pés de bode

De longo focinho

e com crespos bigodes

conhecido por Ladino



Larápio continuou

em meio ao fedor:

- É muita a trabalheira

de se buscar o cheiro

para abrir todas as queijeiras

Temos que arrumar um jeito

de nos dar bem

Cade nossos direitos?

Férias e décimo terceiro?

Devemos nós, os trabalhadores,

exigir mais respeito



Neste momento um rato

chamado Bandido

subiu nas imundícies do tablado

e, exaltado, disse:

- Vamos , então, abrir um Sindicato



E a rataria entrou em euforia

Rebuliço no cortiço

Hora da feira nos boeiros



-É uma boa idéia,

mas meu objetivo

é fundar um Partido Político-

falou Larápio



-Um Partido Político?-

repetiu Bandido

enquanto retirava uma pulga

com sua unha



-Mas quem votaria

em nós- os ratos,

conhecidos por

gostar de porcarias?



Larápio , então, sorriu

E fez brilhar os dentões podres

onde uma linguinha suja

caía para fora da boca escura



-Alteraremos a realidade

O mundo, camaradas, é mera percepção

E vamos justificar

toda a barbaridade

fundando uma nova verdade:

" A dialética"-

algo como nossos rabos-

indecoroso e fétido

A verdade, enfim,

vai depender de nossa vontade



Nesse momento,

uma rata velha,

enxorvalhada, carcomida,

chamada Facínora, disse:



-E não seremos mais ratos

Apenas roedores



Larápio corrigiu-a

- Não! Diremos

que somos um tipo de coelho

de orelha curta

e pelo vermelho

Seremos o novo animal

desta nova Páscoa

de uma Nova Ordem Nacional



Bandido, que a tudo assistia,

enxugou o muco

dos bigodes e gritou como um maluco:

-Teremos que adulterar os livros

Falsificar tudo que foi escrito

Queimar todas as páginas

que dizem que os ratos transmitem

doenças infecto- parasitárias



-Melhor! - adiantou Ladino-

Vamos culpar os gatos!

Sim, diremos que os felinos-

nossos grandes inimigos-

é que transmitem disenteria,

listeriose , pestes, impetigo



-Será nossa grande vingança

contra os nossos caçadores

Ganharemos o colo das crianças

E ensinaremos a elas que os gatos são nazistas,

burgueses e egoístas-

Larápio sugeria



-E vamos culpar

todos os problemas

ao excesso de limpeza

Com o tempo, acharão

que a sujeira é uma beleza-

completou Facínora,

esfregando o rosto e o rabo

nos jovens machos



-E iremos BANIR de vez

a palavra RATO

de todos os dicionários

E qualquer entendido-

por exemplo, um veterinário-

que vier bancar o intrometido,

vamos enfiá-lo para sempre

na cela de uma penitenciária

Ou diremos que

não bate bem do juízo

e o trancafiaremos como um louco

em qualquer hospício



Larápio sorria

- Nada de medidas extremistas

que poderão dar nas vistas

Vamos posar como vítimas

e acusá-los de ser preconceituosos,

radicais e fascistas

Falsificaremos, para isto,

os números de todas as estatísticas

Vamos ,enfim, atordoar seus juízos

Corrompê-los. Confundi-los.

Lançar nossas mentiras

como verdades cristalinas

em uma cartilha

E faremos com que todos fabriquem

queijos, presuntos e salames

enquanto descansamos

nossas bundas infames



A rataria o aclamava



- Enfim, teremos uma vida decente

Vamos roubar

de forma legítima e legalmente

Na realidade, seremos

uma sofisticada organização criminosa

disfarçada como Partido Político

E Larápio encerrou, emfim, a talentosa prosa

com uma reverencia beatífica



E os ratos riam riam riam

Mas o galo não cantou

quando o dia amanheceu em Brasília
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