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Poesias-->pl-159 -- 24/12/2010 - 23:37 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Enquanto isto

Enquanto isto

Muitos andares acima

Altura a perder de vista

Que nem a imaginação

da narradora imagina

E se imagina, não confia



Um anjo menino

cara de traquinas

brincava em sua oficina

Estava tão entretido,

em seu esconderijo,

que não percebeu

a chegada de seu Pai,

o grande Deus



-Lucinho,o que tu fazes?-

O Pai perguntou,

fazendo com que o pequeno,

pego de surpresa, se assustasse



-O Senhor, por aqui?

Não avisaste que viria-

ele disse enquanto

ajeitava uma de suas asas que caía



-Ora, não sabes que sou

Onisciente e Onipresente?

Além do quê, um pai precisa de convite

para visitar seu filho?-

Voz bondosa e triste,

refulgindo brilho



O pequeno anjo

colocou-se em pé

-É que estou...Estou trabalhando-

ele explicou



-Trabalhando?



-Sim, estou criando meu mundo

Um mundo de delícias e de prazer

Como vês, ando ocupado,

muito a fazer,

cheios de atropelos



-Posso vê-lo?



O pequeno anjo contrariado,

sem outra alternativa,

retirou a cortina

que cobria seu quadro

abstrato e surrealista



-Pai, ainda não está concluída

minha obra artística

Peço que não seja muito severo

em sua análise crítica



O Pai observou,com atenção,

o trabalho do filho,

ao fim do qual, exclamou:

-Mas o que é isto?

Perdeste teu juízo?

O que tu fizeste?



-Isto é um trabalho moderno,

progressita e evolutivo-

Lucinho explicou com voz atrevida-

O que tu querias?

Que passasse minha vida como Rafael,

a replicar tuas maravilhas :

Os rios, as matas ,o céu?



-E estas figuras tortas e toscas

e monstruosas

em profundo desequilíbrio?

Já perdeste a noção mínima

de estética e de perspectiva?-

O Pai, então, apontou o dedo

para uns borrões vermelhos



-Ah, isto aqui?

É o Partido dos Trabalhadores

do Brasil

Confesso que até para mim

isto está muito ruim

É que o pincel estava gasto

e a tinta já chegava ao fim



-E esta coisa sem pescoço,

pernas curtas, lingua presa,

mentirosa, cor do fogo?



-É o chefe do tal Partido

É mesmo horroroso!

Pai, seja compreensível com este novato,

a espátula estava quebrada

o desenho saiu errado



O Pai mantinha-se preocupado

-Meu filho, tu és muito criança

ainda para criar

Larga de ser precipitado

Larga de vaidade

Tu deverias estar estudando

nas Escolas de Belas Artes



Neste instante, um outro anjo,

com seu elmo de ouro,

sobre um branco corcel,

entrou na sala. Era Miguel.



-Meu Pai,peço-lhe bênção

Não pude deixar

de escutar esta conversa

que ecoa em todo Universo

Permita-me lhe explicar :

Lúcio não é dado aos esforços

e nem aos estudos

Foi expulso

por insubordinação e indisciplina

de nossas Academias

Ele prefere frequentar

as reuniões de Satânia

nos mares dos abismos

onde incita rebeliões

proclamando que será

maior que vós- o Altíssimo



-Por favor, meus filhos,

deixem de brigas e de acusações

Vocês são irmãos

Já é hora da conciliação



-Pai, tu és demais condescendente

com este pequeno delinquente

Lúcio, desrespeita as Leis Universais

com suas criações estúpidas,

medíocres e infernais



E nesse instante, Miguel,

aponta o quadro animado

posto no meio da grande sala

-Observe Pai,

esta grande miséria

Lúcio rouba a energia

de nossas celestiais Usinas

para produzir matéria

e matéria e partículas

tontas e loucas

em colisões inadvertidas

pondo em risco a Vida



-Tu estás com inveja, Miguel

Eu sou rei do meu mundo

enquanto tu és apenas

um escravo do Céu



O irmão mais velho sorriu

com desprezo

- Rei deste lixo?

De toda a dor , erro e tristeza?

E mais : Tu nada crias

Apenas copias as obras do pai

apenas para destruí-las



-É por esta razão

que no meu mundo vou destruir a família-

O pequeno anjo retrucou-

Vou abolir as palmadas

e qualquer tentativa de coerção

Vou formar um exército de tiranos mirins

Cheios de vontade e de má educação

sem precisar dar até satisfação de seus bolhetins



-Meus filhos,parem com isto,

só os dois juntos

e que podem criar

um perfeito mundo

Lúcio, por que não aceitas

os conselhos de teu irmão mais velho?



-Pai, creio que devamos

acabar de vez com esta aberração-

Miguel sugeriu

apontando o quadro animado

que girava como uma alucinação



-Não! Isto não!

Pai, dá-me um Tempo

Meu trabalho está inconcluso

Tenha piedade

Já fui proscrito e expulso

-

gritou Lúcio

abraçado ao quadro

como um Narciso

preso ao espelho quebrado



Ouvindo isto,

Miguel fez uma reverencia ao Pai,

olhou Lúcio com indiferença

e saiu



- E agora, meu filho,

o que farás, o que farás?

Estás a perturbar a Ordem e a Paz

do Universo



-Dá-me uma ajuda

Eu não sei o que é perfeição

Ilumina minha face escura



-Não, Lúcio. A obra é tua

Conclua-a

Mas lembra-te de que o AMOR-

é a única fonte de criação verdadeira

Sem isto, tudo que tu fizeres

não terá o mínimo valor

Será como uma poeira

na prancheta do arquiteto,

tragada pelos buracos negros

para o esquecimento completo

Não haverá fruto...Nem vitória.

Nem júbilo.

Não haverá sequer uma estrela matutina

a anunciar uma aurora

Apenas esta tua estrelinha rubra

feita de cinzas

sem lustro



O pequeno anjo

mantinha-se com cabeça baixa



E antes de se afastar,

o Pai lembrou:

-Quanto àquele borrão vermelho-

O teu Partido dos trabalhadores-

é uma massa disforme ,densa e cética

e está a descarregar todos os reatores

psíquicos energéticos

Para que tanto ÓDIO, meu filho?

E pensar que tu foste,

dentre todos meus filhos,

o mais luminoso e o mais bonito

O que tu queres

que já não te dei?

És escravo de Satã

quando deverias ser um REI



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