Dormi com estrelas,
Acordei sem lua no meio da rua,
Onde transeuntes afoitos
Não me enxergam.
Não sou hoje quem eu fui ontem.
A cada despertar me reciclo,
Como se parido em um novo renascer.
Algum detalhe foi-me acrescentado,
Fugi um pouco da ilusão.
E de antemão sou um estranho
Na floresta de manequins.
O objeto real já não existe mais
Na selva urbana.
Humanas; serão apenas as dores
Entre dramas circunstanciais.
Preciso das tuas conjeturas nuas,
Dos teus desassossegos,
E de tantas entre outras
Das tuas loucuras,
Que me incitam a viver
Um pouco mais. |