Quando eu não tenho o que escrever
Escrevo com o que não tenho.
Mantenho-me mórbido para não sorrir.
Circunspecto para não fugir
Dessa vida que tanto desdenho.
Não me culpo pela desdita.
Apenas a utilizo como cor de um amor,
Sim! Engano a dor com palavra suada,
Transpirada em papel e tinta.
Pareço incógnita, porém me resolvo
Sempre inadequadamente com o verso.
Torno-me o estorvo na forma escrita,
Sou ácido com a norma e básico com a rima
De qualquer forma corrosivo, um estigma. |