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Poesias-->Para sempre Armando -- 16/05/2011 - 20:58 (valentina fraga) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Para quem recebe versos como esses, numa segunda feira chuvosa, não tem mesmo do que se queixar.

Ter Armando como amigo é saber que em momentos bons e ruins não seremos desapontados.



E como não deixo barato, mesmo que timidamente, resolvo responder num arroubo inconseqüente.



Mesmo que para tanto, sinta o autor a remexer no túmulo. VF





Querido amigo,







Não sei bem se é privilégio



Chegar ao amor na maturidade,



E ver tudo resolvido,



Quando se chega além da idade.







Com os corpos já estendidos



E a cama já ocupada



Não há como roçar cada poro,



Venço o céu, mas não a chegada.







E mesmo imprevisto



Esse amor urgente, cifrado



Nada é mais importante



Que o meu amor declarado.







E na terra pagando o preço



E a custa, que é cara,



Vale a pena esse amor



de cadência limitada.







É do limite que se aprende



Depois do saber arquivado,



Ainda urge ouvir o amor



que mesmo tarde, é chegado.







Valentina







Amor é privilégio de maduros

estendidos na mais estreita cama,

que se torna a mais larga e mais relvosa,

roçando, em cada poro, o céu do corpo.



É isto, amor: o ganho não previsto,

o prêmio subterrâneo e coruscante,

leitura de relâmpago cifrado,

que, decifrado, nada mais existe



valendo a pena e o preço do terrestre,

salvo o minuto de ouro no relógio

minúsculo, vibrando no crepúsculo.



Amor é o que se aprende no limite,

depois de se arquivar toda a ciência

herdada, ouvida. Amor começa tarde.



Carlos Drummond de Andrade
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