A Mão de Deus – II
A mão de Deus me alcançou.
A alma se fez ao mar, ao vento, estendeu-se
pelo firmamento.
Sei agora que o meu tempo vai além de mim.
O ontem foi um grão de areia no deserto por
onde andei quando longe de mim fiquei.
O meu tempo não tem fim.
Disse-me um anjo bom que chegou perto de mim.
Sigo, sentidos aguçados olham para os lados.
Olhos de ver a contemplar o que a alma tentava
me ensinar quando comigo queria falar.
Eu intuía, ela conhecia outras dimensões.
Degraus da escada principal, por onde se vai
até chegar à morada do Sol Central.
Doia, como doía, a consciência de que aquilo existia.
Lia, relia escritos antigos que vinham de encontro
ao que sentia.
Às vezes, com os olhos da alma, via.
Longe de mim, a olhar o céu, a Terra e o mar.
Pássaros a voar, miados e chiados vindos daquela serra,
a invadir os meus ouvidos.
Uivos de lobo acordavam o meu inconsciente, chamavam-no
de tolo: ficas-te aí a conjeturar enquanto nós pelas mãos de
Deus nos deixamos guiar.
Lita Moniz
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