Para Existir
Para existir tranquei a porta.
Fechei-me para os ruídos a
ferir os meus ouvidos.
Para existir fiz inimigos.
Dou-lhes oportunidade de
falarem mal de mim à vontade.
Se isso lhes faz bem.
Que mal tem.
Aumentei o portão, como a dizer: aqui não.
Para existir tomo um elixir que me faz
sossegar.
Parar de querer, parar de sonhar.
Para existir invento uma vida sem relento.
Entro no silêncio de mim.
Agora sim, existo.
Existir é isto.
Lita Moniz
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