Tempo de Travessia
Tempo! Tempo!
Tempo de travessia.
De ousadia, de atravessar este mar.
Ir ao encontro de uma sinceridade que
Beira a loucura.
Que pode me levar para a rua da amargura.
O outro eu que me vem.
Não sei que alma tem.
Se é o meu mal, se é o meu bem.
Continuar! Recuar!
Onda que vem já conheço bem.
Até sei a medida da força que tem.
Estende-me os braços.
Dá-me um abraço que mais parece
Um fio de aço.
Ou então um laço com que se laçam os
Animais para os dominar, subjugar.
Depois maltratar.
Onda de recuo!
Parece trazer para dentro de mim uma
outra vida, mais evoluída.
E mais ainda, parece que mora onde o mundo
Finda.
Em alto mar, começa a se mostrar.
Tem forma definida, no centro, a chama da vida.
Em volta halos multicoloridos , força motriz a
proteger a matriz.
Sem vergonha de ninguém, atravesso a barreira.
Entro na brincadeira de recuar até aonde aquela
onda de recuo for capaz de me levar.
Lita Moniz
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